Marcas Conectadas Tech: Thais Nicolau

Diretora de Marketing da Nomad

27 de março de 2024

Marcas Conectadas Tech: Thais Nicolau

O Estadão Blue Studio convidou uma seleção de publicitários e executivos de mercado para darem sua visão de mercado na Série de Entrevistas: Marcas Conectadas Tech. #aproveiteoconteúdo

1) Qual o maior obstáculo para construção de marca no cenário atual? Acredito que o maior obstáculo é a visão de curto prazo e a busca imediata pela conversão de vendas quando se está num processo de construção de marca. Uma marca forte, que tem a preferência dos consumidores, é capaz de segurar aumentos de preço, e entregar um CAC (custo de aquisição) menor nos investimentos de performance e manter a fidelidade de seus clientes. Porém isso não é algo que se constrói da noite para o dia. É necessário consistência, recorrência e conexão com os consumidores, e isso requer tempo. 

Para marcas em construção, é preciso encontrar o equilíbrio entre uma estratégia consistente e a expectativa de geração de resultados ultra-imediatos. Esse “curto prazismo” é justamente o que tem colocado algumas marcas em dificuldade, pois em momentos macroeconômicos desafiadores, normalmente são priorizados investimentos em ações altamente promocionais, em performance, enquanto campanhas mais focadas em construção sofrem corte de verba. E na verdade, uma marca forte leva a resultados de negócios mais duradouros e entrega mais eficiência e retorno nas campanhas de performance.

Além disso, acredito muito em estratégias de funil completo, onde é possível trabalhar a aspiracionalidade e o conhecimento da marca, e em momentos pertinentes da jornada do consumidor, trazer mensagens mais focadas em conversão. Nesse cenário onde a expectativa de retorno do investimento costuma ser rápida, é o melhor caminho a ser utilizado.

2) Considerando a solidez das comunidades nas plataformas, o Marketing de Influência é hoje a principal estratégia de comunicação? Não diria que é a principal estratégia de comunicação, mas de fato o Marketing de influência é um elemento essencial na estratégia de comunicação das marcas, principalmente quando se trata de um público mais jovem: diversos estudos indicam que o Brasil é um dos países mais influenciados pelo conteúdo de creators e influenciadores, em especial consumidores entre 18 e 35 anos. Mais do que os influenciadores em si, uma campanha ou mensagem que não é nativa e adequada a cada plataforma não vai gerar o engajamento desejado. É imprescindível entender o papel e a linguagem de cada rede social, trazer uma mensagem relevante de marca e trabalhar muito próximo aos creators para que ela seja aderente ao perfil de seguidores de cada um.

3) Olhando para as novas gerações e o crescimento dos e-sports, quem não está nos games estará fora do game? Se o público consumidor da marca é jovem, definitivamente é um território estratégico para ser trabalhado e que, quando bem feito, gera resultados importantes de conexão emocional e engajamento com os consumidores. O e-sports deixou de ser uma categoria nichada há alguns anos e possui uma massividade e uma adoção gigantesca, tanto em número absoluto de pessoas quanto em horas que elas passam jogando, ou consumindo conteúdo em plataformas de gaming, e isso gera uma oportunidade de trazer a marca para dentro dessa comunidade. 

4) Qual a maior oportunidade para as marcas com a massificação da Inteligência Artificial e Web3? A Inteligência Artificial vai transformar a rotina e o papel dos times de marketing, trazendo mais eficiência operacional no dia-a-dia, liberando tempo de qualidade para que os profissionais da área possam ser mais estratégicos, colher insights com mais agilidade, provar novas funcionalidades e mensagens da marca com usuários sintéticos, aumentando a velocidade do processo de inovação e pesquisa, entre muitas outras mudanças. Além disso, do ponto de vista de mídia, a IA permitirá uma customização ainda maior de audiências e das mensagens para essa audiência, gerando criativos específicos e direcionados para o consumidor. Isso pedirá que as marcas sejam cada vez mais criativas para diferenciar-se e agregar valor a seus consumidores.

Com relação a Web3, a grande oportunidade está na construção de comunidade e um engajamento único com os fãs da marca, criando uma experiência exclusiva e imersiva que somente quem está na Web3 pode conseguir, gerando uma relação de fidelidade totalmente diferente e mais longeva.

5) O que torna uma marca relevante para o consumidor moderno? Antes de mais nada, ela precisa atender a uma necessidade latente desse consumidor. A experiência e a promessa que ela entrega, precisam ser de qualidade e atender a essa expectativa. Junto a isso, a marca relevante é aquela que entende seu papel na vida das pessoas, e que esse papel vai muito além da funcionalidade de seu produto ou serviço, ou seja, o que ela significa para essa pessoa. É uma marca que entende o contexto em que atua, que é viva, fala a língua de seu consumidor, e traz mensagens pertinentes nos momentos adequados da jornada. O mundo em que vivemos reduziu as barreiras de entrada dos mercados e temos um contexto competitivo muito alto em todas as indústrias. Ter uma conversa puramente funcional não é suficiente para diferenciar-se dos concorrentes, é preciso criar uma relação de mão dupla entre marca e consumidor, e isso só é possível através de engajamento e conexão emocional, aliados a uma experiência de qualidade no produto ou serviço que essa marca apresenta.