Márcia Esteves, que também é CEO da agência Lew’Lara/TBWA, defende que diversidade dará à Abap um ‘olhar bastante abrangente sobre o mercado’
15 de julho de 2023
Márcia Esteves, presidente da agência Lew’Lara/TBWA, fez história ao se tornar a primeira mulher a assumir a liderança da Associação Brasileira de Agências de Propaganda (Abap) em seus 74 anos de existência. Sua gestão tem um enfoque determinado na promoção da diversidade de gênero, raça, orientação sexual e origem regional dentro do mercado publicitário.
Para Márcia, acreditar na inteligência coletiva é fundamental. Ela busca romper com a ideia de apenas um rosto feminino na gestão da Abap, priorizando a inclusão de múltiplas perspectivas e experiências por meio de uma equipe diversificada. Esse olhar abrangente permitirá que a Abap esteja mais conectada com as diferentes realidades do mercado publicitário e da sociedade como um todo.
Com sua presidência, Márcia Esteves aspira a uma mudança significativa no setor, onde a igualdade de oportunidades e a representatividade sejam prioridades, impulsionando a indústria da propaganda a se tornar um ambiente mais inclusivo e enriquecedor para todos os profissionais envolvidos.
Márcia Esteves discutiu, em entrevista ao Estadão, os desafios de sua gestão na Abap e seus planos para a composição da equipe nos próximos dois anos.
Veja os principais pontos da entrevista.
Eu oficialmente assumi a Abap em 1º de junho. De lá para cá, ainda temos algumas definições estatutárias, questões burocráticas de cartório, porém, bastantes importantes. Nós já contratamos um serviço de consultoria que está nos ajudando a entender o nosso mercado para começar essa nova gestão de forma mais correta, especialmente da forma mais abrangente e correta possível.
Estamos traçando um plano para os próximos dois anos com os principais objetivos da Abap de como podemos apoiar o nosso mercado. Eu também já estabeleci a vice-presidência e toda a diretoria estatutária neste momento, o que era mandatório pelo nosso estatuto.
Acredito muito na inteligência coletiva. Já é tempo não só da Abap ter um rosto feminino na gestão, mas especialmente ter diversos rostos, o que nos dará um olhar bastante abrangente sobre o mercado. Temos um desafio que é: a Abap não se faz apenas em dois anos, essa é uma história de mais de 70 anos. Então, eu tenho que olhar todo esse “filme”, ver como trazer as pessoas que já participaram dessa história e como olhar para o futuro. Eu tive que tomar o cuidado de garantir a continuidade do que vinha sendo feito e, ao mesmo tempo, garantir que terá espaço para o novo. Eu escolhi pessoas que me ajudam a construir pontes.
Nós temos feito amplas conversas com os líderes das agências. Estou literalmente tentando conversar com todos os nomes Brasil afora, o que leva um certo tempo. Mas é importante porque, além da escuta ativa, ajuda a entender o que cada um gostaria de ver nessa nossa nova gestão. A Abap está começando a se estruturar nessa nova gestão.
Eu tenho uma enorme dificuldade de “falar antes de fazer”, mas numa posição como esta eu tenho que falar e depois entregar, eu tenho que desenhar um plano, falar e entregar. Tem uma série de elementos que me geram uma certa ansiedade nesse trabalho, de lá na frente entender o que nós conseguimos conquistar neste período. Por outro lado, quanto mais os dias vão passando, eu fico mais confortável e mais feliz, primeiro com a abertura que tenho recebido do todo o mercado e mais os sinais de carinho e respeito já acontecem no setor.
De uma forma muito clara, nós estamos dividindo nosso trabalho em quatro grandes objetivos, e um deles é a governança, que passa pela questão de diversidade, igualdade e inclusão, algo muito importante para nós. É mais que um compromisso. O que nós fizermos na minha gestão da Abap será para tudo e para todos.
O papel da nossa entidade é criar os espaços de conexão e condição para que as agências possam conversar e trazer as suas dificuldades, criando um ecossistema com possíveis caminhos para o mercado. As soluções nós teremos que encontrar juntos. Mas nós vamos, sim, ter espaços para trazer pesquisas, dados, eventos e a capacitação do setor, para ver as dores comuns e pensar em soluções futuras.
Neste contexto, eu me sinto confortável em dizer que nós vamos conseguir discutir sobre esses temas, as dificuldades e as oportunidades. Sobre o futuro, o que nós faremos é ter um planejamento com objetivos muito claros e vamos “replanejando” o que for necessário no dia a dia.
Que as agências de publicidade voltem a ter valor no nosso ecossistema, que hoje existem dúvidas sobre. Muito tem se discutido sobre o real valor das agências de publicidade. E nós queremos demonstrar o valor da criatividade para as marcas. Houve nessa fragmentação do mundo os valores se perdendo. É tempo de nós nos reunirmos como grupo e demonstrar o nosso valor, porque boas ideias vendem e fazem com que as marcas durem por muitos anos.
Matéria produzida pelo jornalismo do Estadão e otimizada por IA. Fonte: www.estadao.com.br
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