Trends: “Brasil desponta como potência no mercado global de live commerce”, diz especialista

Estudo aponta que 28% dos brasileiros assistem a transmissões ao vivo com foco em compras; Guilherme Pimenta, da Netshow.me, destaca tendências e desafios dessa modalidade

22 de abril de 2025

Trends: “Brasil desponta como potência no mercado global de live commerce”, diz especialista

Se no início a dúvida era se o Brasil abraçaria o modelo de live commerce, estratégia de vendas durante uma transmissão ao vivo, atualmente, o cenário é outro. Segundo o estudo “Social Commerce 3.0 – Tendências de consumo nas redes sociais”, realizado pela Opinion Box em parceria com a All iN, 28% dos consumidores brasileiros já realizaram compras por meio de transmissões ao vivo — modelo que une entretenimento e vendas em tempo real. Desses, 45% afirmam comprar produtos durante as lives. Para Guilherme Pimenta, head de Novos Negócios da Netshow.me, o lançamento do TikTok Shop no Brasil deve impulsionar ainda mais esse mercado, transformando a maneira como empresas de diversos portes e setores se conectam com seus consumidores. Confira a entrevista exclusiva ao Estadão Blue Studio.

Guilherme Pimenta, head de Novos Negócios
da Netshow.me. Foto Divulgação

1) Como você avalia o cenário atual de live commerce no Brasil? Estamos atrasados ou já acompanhamos a tendência global?

Quando lançamos esse produto há cerca de um ano e meio, havia dúvidas se o modelo de live commerce vingaria no Brasil. Hoje, o cenário é muito diferente. Um estudo recente da McKinsey coloca o Brasil como segundo país em live commerce, em interações por live e vendas por live. Está atrás apenas da China, referência com quase 20% das vendas digitais em live commerce. A chegada do TikTok Shop, prevista para breve, será um divisor de águas, o que deve acelerar ainda mais esse processo.

2) Quais tendências internacionais vão impulsionar ainda mais o live commerce no Brasil nos próximos anos?

A principal tendência é a integração entre redes sociais e comércio eletrônico. Redes como TikTok, Kwai e Shopee têm investido pesado em transmissões ao vivo, aumentando a interatividade. Além disso, veremos o crescimento do modelo de Live Commerce B2B, com indústrias e marcas vendendo diretamente para intermediários e pontos de venda por meio das lives, tendência já forte nos Estados Unidos e que começa a ganhar força por aqui. Essa modalidade requer ferramentas específicas para criação e gestão de pedidos em transmissões fora das redes sociais, e que por sinal, é o nosso foco de atuação hoje na Netshow.me.

3) Além dos setores tradicionais como moda e beleza, quais outras áreas podem se beneficiar dessa tendência?

Já temos cases de sucesso em setores inesperados. A indústria farmacêutica, por exemplo, já usa o modelo de live commerce B2B para vender remédios para pontos de venda, e alcançam milhões de reais em vendas em poucos minutos. Setores como mercado imobiliário, automotivo e serviços também estão se beneficiando significativamente dessa modalidade.

4) Diante da enorme quantidade de conteúdo gerado nas redes sociais, como as marcas podem se destacar nas transmissões ao vivo?

As marcas precisam estar onde seus clientes estão, criando estratégias omnichannel eficazes. Hoje, é essencial transmitir simultaneamente em diferentes canais como Instagram, TikTok, Facebook e plataformas próprias, como dentro de seus próprios apps e sites. Além disso, a utilização de inteligência artificial para atendimento e personalização das transmissões ajuda a tornar a experiência do consumidor mais fluida e eficiente.

5) Você acredita que tecnologias como inteligência artificial e realidade aumentada serão realidade no curto prazo na modalidade de live commerce?

Sem dúvida. A inteligência artificial já está sendo usada para personalizar ofertas e preços em tempo real durante transmissões. No curto prazo, veremos uma expansão desse uso para tornar as transmissões ainda mais personalizadas e interativas. É um movimento inevitável, que já vem acontecendo lá fora e começa a se consolidar aqui.

6) Para obter sucesso nas transmissões ao vivo, o que será mais importante: qualidade técnica ou autenticidade e carisma?

Cada vez mais, marcas têm optado por micro influenciadores ou colaboradores próprios em vez de grandes celebridades. A autenticidade e a conexão real com o público vêm se mostrando mais eficazes do que megaproduções. Muitos cases de sucesso são feitos com um simples celular e muita espontaneidade. Mas nada disso adianta se não criarmos hábito. A palavra de ordem é recorrência: estar ao vivo com frequência, criando familiaridade e educando a audiência de forma contínua. A estratégia da transmissão também importa, e muito. Transmissões para o consumidor final requerem técnicas de retenção e engajamento diferentes de transmissões B2B, quando se faz necessário pensar em ofertas no formato de combos e utilizar a própria base de vendedores para convidar e engajar os parceiros que irão comprar na live. Nada melhor do que unir a estratégia correta com autenticidade e carisma.

7) Como você avalia o potencial do live commerce para democratizar o acesso ao e-commerce, especialmente para pequenos negócios?

É enorme. Plataformas como o TikTok Shop permitem que pequenos negócios tenham uma presença online robusta sem altos investimentos em infraestrutura digital. Dessa forma, pequenos lojistas e novos empreendedores podem competir diretamente com grandes marcas, e aproveitar a popularização das transmissões ao vivo para impulsionar vendas e criar comunidades engajadas. No social commerce, ganha o jogo quem dominar melhor o algoritmo para impulsionar o alcance. No B2B, a estratégia de engajamento da rede de parceiros é a chave.

Saiba mais em: https://netshow.me/live-co.

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