#TRENDS: Brasil lidera em pesquisa de vacinação contra o HPV

Márcia Datz Abadi, diretora médica da MSD Brasil e Fernando Cerino, diretor de vacinas privado da MSD Brasil

26 de agosto de 2024

#TRENDS: Brasil lidera em pesquisa de vacinação contra o HPV

Especialistas da MSD, Márcia Datz Abadi e Fernando Cerino falam sobre o campo das vacinas contra o HPV, incluindo tendências e inovações em pesquisa e desenvolvimento, e como campanhas ajudam a disseminar informações sobre o câncer de colo do útero


A médica, Márcia Datz Abadi, explica que a vacina também gera benefícios para mulheres até os 45 anos:

Quais são as principais novidades e tendências no campo da pesquisa e desenvolvimento global de vacinas contra cânceres e infecções causadas pelo HPV e como o Brasil se destaca neste cenário?

Neste ano, a MSD iniciou uma pesquisa em nível global de uma nova vacina multivalente que cobrirá ainda mais sorotipos do HPV, buscando abranger um maior número dos tipos de HPVs que causam câncer.

No âmbito das pesquisas no Brasil, temos em andamento um estudo focado na população transgênero, que tem como objetivo avaliar a prevalência e como estão distribuídos os diferentes tipos do vírus nessa população e, dessa forma, ampliar a discussão sobre acesso à saúde.

Além disso, o Brasil possui o Programa Nacional de Imunizações (PNI), um trabalho que é exemplo para o mundo e que implementou a vacinação gratuita contra o HPV em 2014, com o objetivo de prevenir o câncer do colo do útero. Essa iniciativa tem sido bem-sucedida e serve como exemplo para outros países e, atualmente, o programa amplia os grupos prioritários.

Como destaque na pesquisa brasileira, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) tem desenvolvido estudos e pesquisas relacionados ao HPV e ao câncer de colo do útero. Foi aprovado um modelo de exame que é mais sensível e que consegue identificar de forma mais precisa o tipo de HPV.

Como a tecnologia e a inovação impactam esse processo de pesquisa e o desenvolvimento de vacinas mais eficazes e seguras?

Para além da vacina, um exemplo sobre nova tecnologia, está na detecção dos tipos de HPV, como mencionei anteriormente. Porém, como o exame contribui para o desenvolvimento de uma nova vacina? A análise traz luz para que seja possível observar quais são os tipos do vírus que mais circulam e possuem uma maior necessidade de estarem presentes em uma vacina. Os tipos adicionados na vacina nonavalente, por exemplo, foram agregados com base na detecção de subtipos mais presentes.

Precisamos também pensar nas pacientes que precisam de tratamento com resultados cada vez mais robustos, com resultados relevantes em relação à sobrevida de mulheres com câncer de colo do útero, da imunoterapia em tumores localmente avançados, espalhados na região próxima ao colo do útero, e metastáticos, aqueles espalhados pelo corpo todo. 

Essas inovações já estão disponíveis ao público? O que tem sido feito para democratizar o acesso da população brasileira às vacinas contra o HPV e quais os tipos disponíveis?

Atualmente, há duas vacinas disponíveis no mercado: a vacina quadrivalente, presente no PNI para públicos-alvo, previne contra os tipos 6 e 11 (responsáveis por 90% das verrugas causadas pelo HPV) e 16 e 18 (responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo do útero). Disponível na rede privada, a vacina nonavalente, previne adicionalmente contra os tipos 31, 33, 45, 52 e 58 – todos com alto risco para câncer, elevando essa proteção em até 90%.

Quais barreiras/mitos já foram quebrados sobre a vacina contra o HPV? Como e quais desafios ainda precisam ser enfrentados?

Temos um desafio que seria a quebra de tabu e preconceito. Vacinar os seus filhos e filhas não antecipa o início de sua vida sexual. Muito pelo contrário, os protege quando ainda não tiveram contato com o vírus. Outro tabu muito comum é de que pessoas em relacionamentos estáveis não precisariam se vacinar – elas podem se proteger porque o vírus pode ficar incubado por mais de 10 anos sem nunca se manifestar. Por isso, mesmo estando em uma relação estável, não impede que você tenha sido infectado anos antes. 

A vacina terapêutica para pessoas já infectadas é possível? Como estão as pesquisas nesse campo?

A vacina contra o HPV é preventiva e não é um tratamento. Dessa forma, não é terapêutica, mas pessoas infectadas com o HPV, que já tenham tido contato com o vírus ou tratado alguma infecção relacionada, podem se beneficiar da vacinação, pois ela previne contra outros sorotipos do vírus HPV e também contra recidivas. 

É recomendado tomar a vacina antes do início da vida sexual para evitar que o organismo tenha entrado em contato com o vírus, promovendo assim uma maior proteção. Entretanto, aqueles que não puderam se vacinar antes da vida sexual também possuem a comprovação do seu benefício até os 45 anos.

Estamos focados na inovação científica para fornecer vacinas que podem ajudar milhões de pessoas


O especialista, Fernando Cerino, afirma que o desafio é quebrar tabu e preconceito sobre a vacina contra o HPV:

Expandir o diálogo para além da comunidade médica, conectando-se a jornalistas e formadores de opinião, ao mesmo tempo que anuncia a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank como nova embaixadora da empresa, demonstra uma abordagem de mercado diferente e abrangente. Como essa estratégia ajuda o trabalho de conscientização, cuidado e prevenção contra o câncer de colo do útero? Quais os resultados já obtidos com essa estratégia e o que ainda está por vir?

O principal legado que queremos fomentar é o de que nenhuma mulher mais morra por câncer de colo do útero, câncer este que pode ser evitado, já que em 99% dos casos é causado pelo vírus do HPV. Portanto, contar com diferentes frentes na comunicação e o apoio de influenciadores de opinião que impactem diferentes públicos é de extrema importância para o trabalho de conscientização, cuidado e prevenção do câncer de colo do útero. 

Ao envolver jornalistas e formadores de opinião, a estratégia busca criar parcerias com influenciadores que possam contribuir para disseminar informações de qualidade sobre o câncer de colo do útero, um câncer que, apesar de ser prevenível, ainda mata 19 mulheres todos os dias no Brasil. A mídia desempenha um papel fundamental na educação e conscientização da população, e contar com parceiros nesse meio pode potencializar os resultados das campanhas.

Contar com a atriz e apresentadora Giovanna Ewbank como embaixadora da causa reforça a nossa missão, alinhada com a meta da OMS para a erradicação do câncer de colo do útero, através de vacinação, exames preventivos regulares e tratamento de lesões pré-cancerígenas. A sua influência e a sua credibilidade nos ajudarão a disseminar ainda mais informações sobre a prevenção do câncer de colo do útero, atingindo um público mais amplo e diversificado, abordando o tema de forma descontraída, pois a Giovanna é  uma forte representante de pautas de diversidade e do universo da maternidade.

No entanto, é importante destacar que a conscientização e a prevenção do câncer de colo do útero são um trabalho contínuo. Ainda há muito a ser feito para aumentar a conscientização e caminharmos para a eliminação do câncer de colo do útero.

Setembro em Flor é o nome da campanha que estão trabalhando para consagrar o período como “o mês da prevenção de doenças e tumores ginecológicos”. Quais ações fazem parte da campanha? 

A campanha Setembro em Flor, liderada pelo EVA – Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos,  é voltada para a prevenção de tumores ginecológicos. Apoiaremos a campanha com conteúdo diverso e em diferentes canais, trabalhando uma comunicação mais personalizada. As ações incluem o patrocínio na corrida Girl Power, que será realizada no Rio de Janeiro, assim como ativação nas praias cariocas. Além disso, estaremos presentes em programas na TV Globo, publicidade na Uber e na Globoplay, além de ativação do nosso squad de influenciadores e, em outubro, em cinemas. 

Qual a estratégia da empresa para engajar o público nessa causa de forma aprofundada e perene na vida e saúde das pessoas?

A melhor ferramenta que temos é a informação de qualidade. Muitas pessoas não sabem dos riscos e complicações relacionados ao HPV, e que há uma vacina que pode prevenir o segundo câncer que mais mata mulheres entre 20 e 49 anos no Brasil. A campanha conta com um amplo plano de comunicação integrada, em meios offline e online, com informações sobre as formas como ocorre a infecção com o vírus, quem está suscetível e, o mais importante, as maneiras de prevenção do HPV.

Trabalhamos arduamente para fornecer vacinas que ajudam a combater problemas de saúde no mundo

________

Esperamos que tenha gostado deste conteúdo!

Estadão Blue Studio #trends é um espaço para convidados compartilharem suas visões, experiências e inspirações com o mercado. As informações e opiniões são de responsabilidade única dos autores. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.