Tentando liderar o avanço da IA no Brasil, gigante passa a incluir sistemas da OpenAI em seu aplicativo, tornando possível falar com o sistema de forma natural
30 de junho de 2023
O iFood, gigante nacional da tecnologia, está explorando a inteligência artificial gerativa, inspirado pelo sucesso do ChatGPT da OpenAI. O aplicativo de delivery do iFood passará por mudanças significativas, permitindo que os clientes façam pedidos de comida e compras em supermercados usando linguagem natural. A IA converterá a fala em texto e fornecerá opções estruturadas para confirmação de compra. Além disso, o iFood está desenvolvendo um bot chamado Compr.A.I., impulsionado pelo GPT, que será integrado ao WhatsApp de mercados, farmácias e pet shops parceiros, permitindo que os clientes realizem pedidos em linguagem natural. O projeto está sendo testado desde agosto do ano passado e já conta com 70 parceiros envolvidos.
O vice-presidente de tecnologia do iFood, Flávio Stecca, está entusiasmado com a IA gerativa e acredita que estamos no início de uma revolução tecnológica similar ao lançamento do iPhone em 2007. Ele acredita que a tecnologia continuará evoluindo e ganhará capacidades surpreendentes.
Essas iniciativas mostram como o iFood está buscando aproveitar a inteligência artificial para melhorar a experiência dos clientes, permitindo interações mais naturais e simplificando o processo de compra. O uso da IA gerativa possibilita uma comunicação mais intuitiva e personalizada, tornando o aplicativo mais eficiente e conveniente para os usuários.
O iFood passou por uma preparação de cinco anos para implementar os novos recursos em seu aplicativo. O time de tecnologia cresceu de 120 para 2.200 profissionais, distribuídos em 17 equipes de inteligência artificial (IA). A empresa não possui um setor específico de IA, pois considera que a tecnologia deve estar integrada em todas as áreas.
Desde 2018, a equipe de tecnologia do iFood vem desenvolvendo algoritmos e sistemas de IA para diversas finalidades, como detecção de risco em transações, logística, estimativa de tempo, recomendação de produtos, prospecção de negócios, processamento de pedidos, sugestão de ofertas e disponibilidade de itens. Esses sistemas são essenciais para lidar com a demanda nos horários de pico, permitindo que a empresa processe 400.000 pedidos simultaneamente com uma equipe de apenas 5.000 pessoas.
O iFood utiliza diferentes modelos de IA em seu negócio, não se restringindo apenas à OpenAI. A empresa também emprega modelos da Amazon, Google e Anthropic. Além disso, 20% dos cientistas de dados da empresa realizam pesquisa básica, buscando artigos e soluções no meio acadêmico. O iFood atualmente executa 124 modelos diferentes de IA e pretende expandir esse número nos próximos anos.
Por meio do grupo holandês Prosus, o iFood teve acesso a sistemas de IA gerativa da OpenAI antes mesmo do lançamento público do ChatGPT. A empresa desenvolveu seu próprio “ChatGPT” interno chamado “PlusOne”, que opera no Slack e auxilia os funcionários em diferentes setores do negócio. O bot PlusOne foi utilizado para classificar e organizar comentários de clientes no aplicativo, bem como extrair informações estruturadas de fotos, como números de CPF, em colaboração com um sistema de detecção de imagens.
O iFood realizou um hackathon interno para incentivar os funcionários a familiarizarem-se com as IAs gerativas, resultando em 932 participantes e 108 ideias de projetos para uso dessa tecnologia. Alguns exemplos de projetos propostos incluem digitalização e otimização na criação de cardápios, criação de cardápios com upload de fotos, conversão de imagens em listas de compras e chatbots para recomendação de pedidos.
Embora o vice-presidente de tecnologia do iFood, Flávio Stecca, acredite que os sistemas de IA gerativa não substituirão completamente a equipe de atendentes, há preocupação quanto ao impacto nos empregos. Segundo o Goldman Sachs, 300 milhões de postos de trabalho podem ser afetados pela IA gerativa, à medida que assistentes de atendimento e chatbots reduzem a necessidade de mão de obra humana. No entanto, Stecca sugere que a tecnologia pode ser utilizada como um assistente para os atendentes em casos mais complexos, como arbitragem de pedidos não entregues.
O lançamento do novo recurso de voz no aplicativo do iFood será feito de forma gradual devido ao alto custo cobrado pela OpenAI pelo acesso ao ChatGPT. Essa estratégia financeira também visa garantir o funcionamento contínuo da plataforma sem problemas. Além disso, a OpenAI limita o acesso ao GPT-4 através de cobranças de assinatura para evitar congestionamentos, visto que o acesso gratuito ao GPT-3 costumava apresentar instabilidades em momentos de pico.
Um desafio adicional para o iFood é a melhoria do desempenho dos novos recursos lançados. Durante o teste do Compr.A.I. do supermercado Nei Mar, nem sempre o bot foi capaz de responder adequadamente às solicitações, embora sua forma de produzir respostas seja idêntica à do ChatGPT. No entanto, o executivo Flávio Stecca não está preocupado com essas questões, afirmando que acredita que esses problemas serão resolvidos com o tempo. Ele compara essa evolução tecnológica à transição da web para o iPhone, prevendo grandes mudanças nos próximos cinco anos.
Matéria produzida pelo jornalismo do Estadão e otimizada por IA. Fonte: www.estadao.com.br
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