Entrelaçados pela vida: ciência, governo e sociedade se unem para combater o câncer de colo do útero

No Fórum Estadão Think, especialistas e gestores apontam vacinação, rastreamento avançado e acesso amplo como bases para que o Brasil alcance a meta da OMS de eliminar a doença como problema de saúde pública

21 de dezembro de 2025

Entrelaçados pela vida: ciência, governo e sociedade se unem para combater o câncer de colo do útero

Realizado em 31 de outubro, em São Paulo, o Fórum Estadão Think – Entrelaçados reuniu lideranças médicas, representantes do governo e organizações da sociedade civil para discutir prevenção, rastreamento e tratamento do câncer de colo de útero.

Este é um dos poucos tipos de câncer que pode ser totalmente prevenido — e, paradoxalmente, ainda mata cerca de 7 mil mulheres por ano no Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Vale destacar que o Brasil vive um momento decisivo no enfrentamento ao câncer de colo do útero. A transição de um modelo baseado no Papanicolau, ainda fragmentado e de baixa sensibilidade, para um rastreamento organizado com o teste molecular de DNA do HPV representa um avanço histórico na política pública de saúde feminina.

Mas, para que essa mudança se traduza em impacto real, será preciso garantir continuidade, capilaridade e cuidado integral.

A doença é provocada, na maioria dos casos, pela infecção persistente pelo papilomavírus humano (HPV), vírus transmitido sexualmente e que pode ser prevenido por meio da vacinação disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), exames de rotina e tratamento adequado de lesões pré-cancerígenas.

O primeiro painel do fórum destacou a importância da união de esforços no combate à doença. De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Angélica Nogueira, o Brasil tem todas as condições técnicas para eliminar o câncer de colo do útero, mas ainda tropeça na execução.

“Mais de 300 milhões de doses de vacina de HPV já foram distribuídas no mundo, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) reafirma o seu perfil de segurança e eficácia. Tecnologia, hoje, não nos falta”, ressaltou a especialista.

A diretora institucional do Instituto Vencer o Câncer, Ana Maria Drummond, enfatizou a importância de aproximar a informação das pessoas: “Eu recebi mensagens dizendo: ‘Eu não sabia que essa vacina estava disponível’ e ‘eu não sabia que meu filho deveria tomar’.” Para ela, comunicar de forma simples, “do português para o português”, é essencial para ampliar o alcance da prevenção.

Já a diretora de Parcerias do Grupo Mulheres do Brasil, Fabiana Peroni, destacou o papel das redes comunitárias e femininas na mobilização social: “É inadmissível aceitar que, a cada 90 minutos, morra uma mulher de câncer de colo do útero. E não é qualquer mulher. A maioria delas é preta, pobre e periférica”, observou.

O evento também contou com a presença de Mozart Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde (SAES) do Ministério da Saúde, representando o governo federal. Segundo ele, a pasta vem redesenhando a linha de cuidado.

“Queremos instituir a autocoleta para essa mulher de lá. No Marajó, disseram que vai ser uma revolução poder orientar e permitir que a própria mulher colete o material em casa”, disse. O novo protocolo, que substitui o Papanicolau pelo teste molecular de HPV, permitirá identificar o vírus antes de qualquer alteração celular.

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