Sneakerheads celebram cultura em torno de tênis raros que podem custar milhões

A paixão por modelos exclusivos de tênis e edições de colecionador reuniu, em São Paulo, um público entusiasmado no SneakerX, evento que teve a sua primeira edição em maio. 

Além de celebrar o movimento dos sneakerheads, que já tem uma forte comunidade no País, o encontro também foi porta de entrada para quem deseja se aproximar de uma prática que ganha cada vez mais adesão no mundo: a cultura em torno dos tênis que imprime aspecto único à identidade urbana e que carregam histórias ligadas a personalidades com grande influência nesse meio, tal como os astros da NBA.

Os participantes do SneakerX acompanharam um workshop para aprender a diferenciar um sneaker original de uma falsificação a partir do formato, proporção e da costura. Também houve apresentações musicais, exposições de artes e de coleções, bem como um ambiente voltado à prática de basquete e skate, esportes que estão fortemente ligados às raízes dessa comunidade. Teve, ainda, espaço para venda e revenda, inclusive de sneakers seminovos com preços mais baixos, focando no público que quer participar sem gastar muito.

O festival atendeu a todos: os curiosos que compareceram para conhecer o movimento e os fãs de longa estrada dessa atmosfera. “É uma coisa que pouca gente conhece, mas é um mercado muito forte, com muitos colecionadores, que movimenta muita paixão”, explica Diego Ortiz, jornalista, colecionador desde 2005 e criador do Sneakerverso do Estadão. 

Entre as atrações, Ortiz destacou que o evento expôs um Air Jordan 1 de 1985 – ano em que o tênis foi lançado – à venda por R$ 40 mil.

O sneaker não é um tênis qualquer. Seu apelo, geralmente, está fundado em um design exclusivo de parcerias com atletas, artistas ou colaboração entre marcas. Em abril deste ano, um par de sneaker Nike Air Jordan 13s foi vendido pelo preço recorde de US$ 2,2 milhões (aproximadamente R$ 11 milhões). O item tem valor histórico por ter sido utilizado por Michael Jordan durante as finais da NBA de 1998. O Chicago Bulls, o time de Jordan até aquele ano, venceu a temporada, um componente que torna o tênis ainda mais valioso e simbólico.

Os sneakers mais visados expostos no SneakerX foram aqueles produzidos em pequena escala, que já estão fora de linha há décadas ou são tão raros que se tornaram itens com imenso valor representativo para o movimento – muitas vezes, são encontrados somente em festivais como esse.

Sneakerheads 

Para entrar para o grupo dos sneakersheads não é preciso começar com um investimento altíssimo. “Não é relegado somente a quem tem muito dinheiro, isso estaria totalmente fora do que é essa cultura e de suas origens no hip hop, basquete e skate. Você não precisa ser um colecionador, basta ser apaixonado pelo tênis e consumir esta cultura, pode ter apenas um tênis e ainda assim ser um sneakerheads”, informa Ortiz. 

No Brasil, os expoentes da cultura sneakerheads são os mesmos dos Estados Unidos: os fãs dos craques da NBA, assim como dos grandes nomes do hip hop. Ainda não há uma característica única para o movimento no País.

A comercialização desses tênis especiais é forte no mundo. A Business Research Insights, organização internacional de análise especializada em inteligência de negócios, estimou recentemente que o tamanho de mercado envolvendo sneakers gira em torno de US$ 91 bilhões, com projeção de superar US$138 bi até 2028, tendo em vista o crescimento anual do setor de mais de 7%.

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fotos: Tiago Queiroz / Estadão

Matéria produzida por: João Prata