Estadão Summit ESG lançou foco sobre os principais pilares do debate socioambiental e de governança
10 de julho de 2023
O copo ainda está mais vazio do que cheio, quando o debate recai de uma forma mais ampla sobre a temática ESG. Esse pano de fundo esteve presente nas principais sessões do Estadão Summit ESG, realizado em junho, no auditório do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista.
Uma das principais mudanças, para que avanços mais estruturados possam ocorrer, é mais de mentalidade e menos de ações pragmáticas, como defendeu Alda Marina de Campos Melo, sócia-fundadora e CEO da Pares Estratégia & Desenvolvimento. “A questão cultural ainda é o grande desafio. É importante olhar para o tema não como um risco, mas como uma oportunidade. É o momento de repactuar [vários processos]”, explica a consultora.
Outro debate de fundo também envolve a própria definição de ESG e de como ela se relaciona com a questão da sustentabilidade. Os especialistas reunidos na Avenida Paulista explicam que são coisas bastante diferentes, que ainda não podem ser tratadas como sinônimo, apesar de ser algo que tende a mudar no futuro próximo.
O tema ESG, segundo afirma Annelise Vendramini, professora do Mestrado da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo, é algo que surgiu mais recentemente, na primeira década do século, dentro do contexto do mercado financeiro, meio que como um espelho do debate mais amplo sobre a sustentabilidade que ocorre na sociedade há mais tempo. “Neste caso, a ideia é como olhar para as questões ambientais, sociais e de governança durante as decisões de alocação de recursos financeiros, de gestão de portfólio e assim por diante”, afirma a educadora.
Áreas específicas do setor privado, como mineração e saúde, também estão voltadas para os dilemas socioambientais e de governança da sociedade moderna. Em ambos os casos, o amadurecimento dos setores passa também por questões abrangentes e comuns a todos, como o uso de tecnologia e de práticas modernas de governança. Ou seja, um atendimento de saúde dentro das boas práticas ESG pode se valer tanto da telemedicina, quanto de parrudas análises de grandes bases de dados. E o mesmo vale para o setor de mineração, sempre bastante colocado na berlinda.
Estadão Summit ESG, evento encerrado com a “Eldorado Session” e pela boa música da dupla Maurício Pereira e Tonho Penhasco, além dos debates setoriais, outros, mais transversais, escancaram a velocidade com que as mudanças precisam ocorrer.
A questão da falta de tempo para a humanidade conseguir desviar do caminho que levará aos impactos mais severos das mudanças climáticas globais também incomoda Jonathan Foley, diretor executivo do Projeto Drawdown. Para o cientista climático, estamos em um momento crucial de ação. “Parar o desmatamento das florestas, o desperdício de energia e de comida são coisas que precisam ser feitas agora”, diz o cientista americano, que também participou do evento remotamente.
O efeito cumulativo que as ações imediatas vão ter nas próximas décadas, pelo raciocínio de Foley, não apenas terão efeitos diretos na redução das emissões como também diminuirão a conta a ser paga para frear a crise climática. É o que ele chama de intervalo de emergência para, então, se partir para ações mais de longo prazo como o investimento em novas tecnologias e em soluções baseadas na natureza.
O fato de o tempo para ação ser bastante curto, também evidencia outro ponto. A prática ESG tem que ser abraçada por todos, sem pequenos, médios ou grandes negócios. “O nosso trabalho vem sendo feito exatamente para engajar o tema da sustentabilidade, também, em empresas que ainda nem tem essa área estruturada e não sabem por onde começar. Mas, mesmo assim, estão recebendo pressão de vários atores, até mesmo dos consumidores”, explica Alessandra Umbelino, cofundadora da BMV Global, que também participou de um dos painéis do Estadão Summit ESG 2023.
Matéria produzida por: João Prata
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