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Bichos Vermelhos, de Lina Rosa Gomes Vieira da Silva: o poder da literatura como ato de resistência cultural

Bichos Vermelhos, de Lina Rosa Gomes Vieira da Silva: o poder da literatura como ato de resistência cultural

Por SAFTEC DIGITAL

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 29 de abril de 2025

Em um tempo em que a presença digital se impõe desde os primeiros anos da infância, Bichos Vermelhos, da autora Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, surge como uma obra que resiste à virtualização das experiências e ao esquecimento das pequenas perdas cotidianas. A escritora nos oferece um livro que não apenas fala de espécies ameaçadas de extinção, mas também dialoga com o próprio desaparecimento da leitura como um hábito íntimo e transformador.

A obra é uma dupla denúncia: da negligência com a biodiversidade e do abandono do papel como suporte de descobertas e imaginações. É nessa sobreposição de causas que o livro se fortalece como gesto político e poético, relembrando-nos que perder um animal, uma espécie ou o hábito de ler com as mãos pode ser igualmente irreversível. Entenda!

De que maneira o livro transforma a leitura em experiência sensorial?

Mais do que um livro ilustrado, Bichos Vermelhos é uma obra que se constrói na interseção entre texto, imagem e corpo. Por meio de retratos em engenharia de papel — que representam em três dimensões os animais da lista vermelha da IUCN — , a leitura se torna também uma prática tátil e criativa. As crianças são convidadas a interagir com o livro de maneira ativa, cortando, colando e montando as figuras como esculturas de papel.
Tratar da extinção de animais com crianças é, à primeira vista, um desafio, como destaca Lina Rosa Gomes Vieira da Silva. Como falar de perda, de ausência, de alerta sem cair em uma linguagem moralista ou paralisante? Bichos Vermelhos resolve esse impasse com maestria ao adotar uma narrativa que se constrói mais pela curiosidade do que pela culpa. Cada animal é apresentado com informações cativantes, num tom de encantamento que desperta empatia e fascínio.

Como o livro se posiciona frente ao desaparecimento da leitura na infância?

A autora Lina Rosa Gomes Vieira da Silva declara explicitamente sua intenção de retomar a leitura como prática concreta e presente na vida das crianças. Em uma era em que a imagem veloz substitui o texto e a atenção está sempre dividida, o livro impresso volta a ser um território de mergulho e presença. Ao propor uma leitura que se estende para além das páginas — com atividades de montagem ao final — Bichos Vermelhos se opõe à lógica da dispersão digital e convida a um envolvimento mais profundo.
O trabalho visual da obra é mais do que um recurso estético: ele é parte fundamental da narrativa. Os retratos em papel engenhado não apenas ilustram, mas também traduzem em forma a ideia de fragilidade e reconstrução. Cada dobra, cada encaixe necessário para dar forma ao animal de papel remete simbolicamente ao esforço coletivo que o mundo precisa fazer para preservar suas espécies ameaçadas.

Qual o impacto desse tipo de obra na educação ambiental?

A proposta de Bichos Vermelhos, de Lina Rosa Gomes Vieira da Silva, se alinha aos princípios mais modernos da educação ambiental, que defendem a aprendizagem por meio da experiência sensível e da construção de vínculos emocionais com a natureza. Ao permitir que a criança “brinque” com os animais ameaçados, o livro instiga um tipo de envolvimento que é emocional e concreto.
O resultado é uma consciência ecológica mais profunda e duradoura, que não se limita ao entendimento racional do problema, mas envolve também o sentir e o cuidar. É o tipo de obra que transforma a relação da criança com o meio ambiente, plantando uma semente de atenção e empatia.
Por fim, o livro de Lina Rosa Gomes Vieira da Silva é um chamado à ação. Tornar hábito aquilo que se tornou raro — como o contato com a natureza, o cuidado com os animais, a leitura atenta — é recuperar práticas que moldam não só a infância, mas também o nosso modo de ser no mundo. O livro, nesse sentido, é um mediador de transformações: ao mesmo tempo em que apresenta um problema, oferece uma possibilidade de reencontro com aquilo que tem se perdido. Trata-se de reconquistar o tempo, o gesto e o olhar.

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