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O Brasil e os desafios para destravar investimentos na economia verde
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O Brasil e os desafios para destravar investimentos na economia verde

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 23 de setembro de 2022

Por Agência EY

Por Ricardo Assumpção, sócio da EY, líder de ESG para a América Latina Sul e Chief Sustainability Officer do Brasil

O Brasil tem um grande potencial para o desenvolvimento de uma economia verde. Afinal, temos a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia, que, caso fosse uma empresa, teria um valor econômico superior a dez vezes o Produto Interno Bruto (PIB) mundial, U$1.000 trilhões. Uma árvore na Amazônia tem mais biodiversidade do que qualquer floresta no continente europeu. Ou seja, podemos afirmar tranquilamente que o país é a terra das oportunidades verdes e tem condições de liderar qualquer processo nesse sentido entre todas as nações. Temos ainda o maior mercado de carbono offset do mundo, estimado em até U$ 15 bilhões até 2030.

Porém, para que isso se torne realidade e nossa economia verde decole de fato e gere divisas e bem-estar para toda a sociedade brasileira, é necessário entender e discutir algumas questões. Em primeiro lugar, o Brasil tem um mercado interno relacionado a sustentabilidade muito fragmentado e um tanto desorganizado. Temos empresas sérias, com boas iniciativas no sentido de alinharem propósito, sustentabilidade e lucro, mas que ainda atuam de maneira muito isolada numa agenda em que é necessário colaboração. Precisamos entender também quais os nossos ativos verdes únicos e tratá-los como um pacote, não de maneira individual. Vamos imaginar que você entre em uma loja e compre apenas o garfo e deixa a faca e a colher. Pode até funcionar na mesa, mas não será algo completo.

Em segundo lugar, precisamos alavancar o nosso potencial de fato relacionado à capacidade de produzir com mais verde e com menos emissões. Atualmente, 85% da produção de energia elétrica nacional é formada por fontes renováveis, o que garante uma produção com menos emissões de carbono. O aço é um bom exemplo. A produção de uma tonelada de aço brasileiro emite 1,6 tonelada de CO2e. No mundo, o índice é de 2,5 toneladas de CO2e por tonelada de aço produzido. Nosso potencial para a produção de energia eólica e solar é imenso, o que pode melhorar ainda mais esses índices de emissões, além da capacidade de produção do hidrogênio verde, a partir da eletrólise da água.

Um terceiro ponto é que temos um problema de imagem e credibilidade quando o assunto é sustentabilidade, o que nos deixa numa posição econômica fragilizada. Aqui, vai um bom exemplo: se a França é conhecida por sua culinária internacional, a Itália pelos vinhos e o Vale do Silício, nos Estados Unidos, por inovação tecnológica, qual deve ser a nossa vocação? Sustentabilidade. Essa deve ser a nossa marca e envolve um trabalho conjunto entre governos, empresas, setores da sociedade civil e organizações não-governamentais.

Em resumo, precisamos consolidar o mercado e as oportunidades, colocar um preço justo em nossos ativos e mostrar como eles criam valor para as empresas, para as pessoas e ao planeta. É necessário trabalhar para construir uma imagem sólida e duradoura com o tema da sustentabilidade.

Em relação a investimentos que possam maximizar o valor para a sociedade, há muito potencial na bioeconomia, na biodiversidade e nos biomateriais. Trata-se de um tema ainda pouco explorado pelos negócios, mas existe uma demanda crescente e que pode ser uma importante fonte de renda para a população amazônica, por exemplo.

Para atrair o investidor, é necessário falar com ele. Como foi amplamente debatido durante a Semana do Clima de Nova York, que antecede a COP27, um dos eventos de sustentabilidade mais prestigiados do mundo, o investidor enxerga oportunidades no Brasil, mas analisa bastante antes de alocar seus recursos. Uma das maneiras pelas quais os investidores entendem os riscos e a criação de valor é a partir da divulgação de relatórios financeiros pelas empresas. A estratégia de sustentabilidade tem de estar alinhada com as demonstrações financeiras. Além disso, todos os planos devem ser divulgados de forma que o investidor possa conectar a ação e seus impactos.

Outra questão muito importante é o desenvolvimento de atividades econômicas que permitam que a floresta em pé seja mais viável do que o desmatamento. A cultura do açaí e do cacau são bons exemplos que podem ganhar escala em projetos bem elaborados e consolidados.

Finalmente, é preciso investir maciçamente em educação. Para mudar a realidade, é necessário mudar a mentalidade. A sociedade deve tomar as decisões certas; para isso, é necessário fomentar o debate e compartilhar conhecimento e, no fim, compartilhar os mesmos objetivos para a sociedade e para o planeta.

O economista Roberto Campos dizia que o Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade. Temos todas as condições para mostrar que os tempos são outros e a inovação verde brasileira é uma realidade em diversos setores. Não devemos desperdiçar o nosso potencial como ocorria no passado. Cabe a todos nós agarrar essa oportunidade e mostrar o quanto temos a ganhar com a economia verde, em especial o planeta.

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