Agência Unico
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 11 de outubro de 2023
Especialista da Unico explica sobre os perigos escondidos nas redes sociais e traz conselhos valiosos para proteger as crianças
Minutos após o parto, lá está a imagem do recém-nascido estampado o perfil dos pais orgulhosos, seguida de inúmeros comentários e curtidas. O primeiro banho, a troca da fralda, o choro durante a madrugada, o dente que começou a incomodar, a visita ao pediatra, o 'mesversário', as primeiras palavras, o início do caminhar… Enfim, o álbum de família se transferiu para as redes sociais, ganhando novos recursos – com imagem, texto, áudio e vídeo –, e uma exposição sem precedentes.
Com o passar do tempo, muitos até criam perfis específicos para as crianças. Dessa forma, apresentam intensamente a rotina dos filhos e, em alguns casos, até mesmo transformam o hábito em profissão, produzindo conteúdos para entreter conhecidos e desconhecidos – prática conhecida como sharenting.
Entretanto, os pais devem ter cuidado com a exposição da vida dos filhos nas redes sociais. O mundo virtual e o uso sem limites das novas tecnologias guardam diversos perigos. Dessa forma, é preciso preservar a imagem digital dos pequenos, evitando consequências que podem ser graves.
Diana Tropper, Data Protection Officer (DPO) da Unico, alerta para os riscos relacionados à privacidade das crianças, apresentando cinco dicas para que os pais consigam buscar um caminho apropriado para cuidar da imagem dos filhos na internet.
Agência Unico – Atualmente, muitos pais expõem o dia a dia dos filhos nas redes sociais. Quais são os riscos de uma exposição excessiva?
Diana Tropper – O primeiro é o impacto muitas vezes imprevisível na vida das crianças. Algo que os pais consideram 'bonitinho' pode causar constrangimento e bullying e marcar psicologicamente o menor, especialmente porque, uma vez que um conteúdo é postado na internet, ele dificilmente pode
ser apagado e a sua propagação por meio das diversas redes sociais é impossível de ser controlada.
As crianças e adolescentes ainda estão em período de formação, e submetê-los à superexposição nas redes sociais pode gerar frustração e ansiedade com a possibilidade de suas postagens ou imagens não serem bem recebidas ou deserem criticadas em comentários negativos.
Além disso, imagens de rotina, como crianças sem roupas, no banho, entre outras, podem ser utilizadas por pessoas maliciosas e acabar sendo usadas em redes de pedofilia.
Agência Unico – Qual a importância de preservar a identidade digital de uma criança?
Diana Tropper – A mesma importância que se dá ao não deixar uma criança pequena sozinha em um shopping center, por exemplo, deve ser conferida aos dados pessoais dessas mesmas crianças. A identidade digital de qualquer pessoa permite sua identificação perante órgãos governamentais, entidades privadas, bem como o acesso a serviços.
Logo, em uma sociedade cada vez mais digital, proteger essa identidade é essencial para o pleno exercício da cidadania. A LGPD também determina o direito à privacidade e proteção de dados como direito fundamental de crianças e adolescentes.
Agência Unico – Outro ponto delicado é o fácil acesso a dispositivos como smartphones e tablets. O caminho é proibir ou existe alguma forma saudável de permitir a utilização?
Diana Tropper – Entendo que o caminho de proibir totalmente o uso e o acesso a smartphones e tablets se mostra irreal atualmente. Os menores são parte da sociedade – inclusive a digital. Privá-los totalmente de algo tão forte em nossa cultura pode ser um grande estímulo para que eles busquem formas de burlar a regra para se sentirem 'parte'.
Além disso, tais regras serão dificilmente cumpridas quando a criança ou adolescente tiver acesso a outros equipamentos, como na escola ou na casa de amigos.
Um caminho mais factível parece ser o de estabelecer regras para o uso, como somente após cumprir tarefas escolares ou em horários previamente delimitados (só nos finais de semana, algumas horas por dia, por exemplo).
O controle parental (recursos de segurança disponíveis em diversos sistemas operacionais, sites e equipamentos, como roteadores e consoles de jogos para restrição de tempo de uso e moderação de conteúdo) também pode ser utilizado como uma ferramenta para supervisionar o “ambiente” no qual a
criança está navegando e evitar que ela tenha acesso a conteúdos não apropriados para sua idade.
Mas isso não substitui o diálogo entre pais e filhos, essencial para gerar uma relação de confiança para o cumprimento das regras e limites estabelecidos, visando o bem-estar e a segurança do menor.
Agência Unico – Nesse contexto, como você avalia a importância da educação digital como forma de prevenção?
Diana Tropper – Nenhuma tecnologia, funcionalidade de controle parental ou mesmo serviço de monitoramento é capaz de substituir o senso de responsabilidade e autocuidado na prevenção.
Por isso, conhecer os perigos e impactos do uso de dispositivos eletrônicos e da internet para a integridade física e saúde mental é essencial para que a criança se desenvolva e crie mecanismos que lhe permitam usar a tecnologia a seu favor.
Dicas da especialista
Com essas informações, é possível entender a importância do diálogo com os filhos para promover uma educação digital apropriada, estabelecendo limites e acompanhando de forma saudável todo esse aprendizado, tanto das crianças quanto dos adultos.
Para contribuir nesse processo, a DPO da Unico, Diana Tropper, apresenta cinco dicas práticas para os pais preservarem a imagem dos filhos na internet.
1 – Evite postar e compartilhar imagens de crianças com pouca roupa ou que exponham a rotina dos filhos. Lembre-se que, além de dificilmente as informações serem apagadas, há pouco ou quase nenhum controle sobre quem pode acessar tais conteúdos, que podem ser usados para práticas
criminosas;
2 – Use senha ou biometria para proteger a galeria de fotos do seu celular. Isso dificulta que elas sejam acessadas ou utilizadas por terceiros, em caso de perda ou extravio do dispositivo;
3 – Ao enviar fotos por mensagem para familiares, amigos, ou mesmo o médico, use temporizador para apagá-las posteriormente;
4 – Respeite os limites de idade das redes sociais e de jogos on-line. Além de 'dar o exemplo' para seus filhos sobre cumprir regras e combinados, estes ambientes são utilizados por criminosos e as crianças têm fácil acesso a conteúdos impróprios;
Converse com seus filhos sobre privacidade no ambiente digital e sobre a necessidade de se respeitar a individualidade e privacidade dos outros.
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