A IA vai democratizar o software: Dennis Herszkowicz, CEO da Totvs, fala sobre a visão de futuro da empresa como ‘criadora de agentes de inteligência artificial’
19 de agosto de 2025
“A inteligência artificial já está na boca de todo mundo, mas nem todas as empresas estão percebendo a melhoria.” Mais do que um diagnóstico, a frase de Dennis Herszkowicz, CEO da Totvs, evidencia uma de suas missões à frente da empresa brasileira de tecnologia: auxiliar centenas de milhares de empresas a utilizar IA de maneira produtiva – algo que, na visão do executivo, requer coragem, preocupação com a infraestrutura e uma visão centrada no negócio.
Pioneira do mercado de software de gestão empresarial, a própria Totvs tem buscado se redefinir para os novos tempos como uma “criadora de agentes de IA” – sistemas que podem executar tarefas e facilitar o dia a dia de empresas de todos os tamanhos no Brasil. Mais do que uma substituição, porém, a visão de Herszkowicz é de quebra de barreiras e de otimização. “Não temos dúvida nenhuma de que o software seguirá sendo importante. O que a IA traz é uma interface que torna tudo mais fácil. A IA vai democratizar o software”, diz.
Dennis Herszkowicz – Foto: Tiago Queiroz/Estadão Blue Studio
É importante separar o uso de IA da pessoa física do uso de IA das pessoas jurídicas. Para a pessoa física, o risco e o custo de adoção são proporcionalmente baixos. Muita gente hoje não paga nada para ter ajuda para escrever um e-mail, por exemplo. Há outro ponto: se a precisão dessa IA é de 80% ou 90%, isso tende a não causar nenhum grande impacto para o indivíduo. No mundo de negócios, é diferente: dependendo da aplicação, a diferença entre uma precisão de 99% e uma de 100% pode ser a diferença entre ganhar ou perder dinheiro; entre completar uma tarefa de maneira bem-sucedida ou não. Sabemos que ainda existe uma distância grande para chegarmos a esse grau de acuracidade. Quanto mais complexa é a tarefa, mais lenta é a adoção da IA. Vou dar um exemplo: hoje, a folha de pagamento da Totvs tem 12,5 mil funcionários. Se a IA tiver precisão de 95% para rodar essa tarefa, mais de 600 pessoas vão receber remuneração errada. É um encaixe ainda longe de ser resolvido. Mas como se endereça isso sem deixar a IA de lado? Dando graus diferentes de autonomia para aplicar a tecnologia. Se uma tarefa é crítica o suficiente, ela deve passar por supervisão ou checagem humana. É assim que aplicamos IA sem gerar riscos e custos inaceitáveis.
Nós criamos há algum tempo uma visão de IA para a Totvs, buscando clareza do que somos e não somos. Hoje, não vejo a Totvs criando modelos de linguagem, como faz a OpenAI ou a Anthropic. Não seremos um provedor de capacidade computacional, como a Amazon Web Services ou o Microsoft Azure. Agora, por outro lado: toda empresa de software pode se tornar criadora dos chamados agentes de IA – ferramentas capazes de realizar tarefas, como um serviço. Se hoje existe o software como serviço (SaaS), também teremos a tarefa como serviço (TaaS), baseada na criação de agentes de IA. É um papel no qual a Totvs se vê e que já está sendo executado. Ao mesmo tempo, não temos dúvida nenhuma de que o software seguirá importante.
Há alguns anos, trabalhamos ativamente para tornar a interface dos nossos softwares de gestão mais simples. É muito antiquado pensar em um software difícil de ser usado, para o qual é preciso treinamento especializado. Para nós, usar um ERP deveria ser tão simples quanto usar um aplicativo de celular. No futuro, com linguagem natural ou até mesmo uma mensagem de voz, qualquer pessoa vai efetivamente usar o ERP e tirar o resultado que precisa dele. A IA vai democratizar o software.
IA já está na boca de todo mundo, mas nem todos estão percebendo a melhoria. Nós questionamos as empresas se elas tiveram um resultado concreto de melhoria de produtividade ou de eficiência com IA. Apenas 7% responderam que sim. É muito pouco, mas esse número mostra duas lições. De um lado, um grau de desconhecimento grande de como usar IA para resolver problemas reais. Do outro, um problema de mensuração sobre os ganhos. Para mais gente perceber o ganho, serão necessários alguns passos. O primeiro é não ter medo da tecnologia. O segundo é preparar a infraestrutura. Além disso, é entender como a IA vai servir ao negócio – e isso é fundamental para extrair valor da IA.
Atuamos com um cuidado enorme. Estamos numa etapa na qual, se tivermos dúvidas, decidimos não andar. Acreditamos que há tempo suficiente para avançar – se cometermos erros, dependendo do grau, acabamos jogando tudo pela janela. Estamos sendo mais cautelosos do que corajosos. Dito isso, não é possível ter controle total sobre as coisas. O que significa que não dá para ficar completamente parado, senão ficamos efetivamente para trás. Isso vale para dentro da Totvs e para o que oferecemos para o cliente.
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A Série de Entrevista: “IA nos Negócios” é um espaço para convidados compartilharem suas visões, experiências e inspirações com o mercado. As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.
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