IA nos Negócios: QUINTOANDAR | Lucas Lima e Paulo Golgher
Executivos do Quinto Andar esperam que inteligência artificial crie experiência ‘de boutique’ para qualquer usuário no médio prazo.
3 de abril de 2025
Fundado em 2013, o QuintoAndar tem números invejáveis em sua história: em pouco mais de uma década, a empresa de tecnologia que media relações de aluguel e compra de imóveis já realizou mais de 700 mil transações e 25 milhões de visitas a casas, apartamentos e outros tipos de propriedade. Mas, com o alvorecer da inteligência artificial (IA), a empresa aposta que tais números poderão crescer ainda mais nos próximos anos.
“A obsessão pelo cliente está no DNA do QuintoAndar – e com a IA, o foco na experiência do cliente não muda”, afirma o diretor de Operações Lucas Lima. Já o diretor de Tecnologia Paulo Golgher aposta que o uso da inteligência artificial generativa ajudará a empresa a alcançar um novo nível de serviço para as pessoas. “Hoje, quem compra um imóvel caro tem uma experiência ‘de boutique’. Em dois anos, espero que possamos entregar isso para qualquer usuário – de quem está comprando a primeira casa até quem busca um imóvel de luxo”, diz.
1) O que mudou para a empresa a partir do final de 2022, quando a IA generativa se tornou mais disseminada?
Lucas Lima: A obsessão pelo cliente está no DNA do QuintoAndar, que começou de uma visão que a experiência de procurar por moradia poderia ser melhor do que era. No centro disso, a ferramenta é a tecnologia – e, com a IA, o foco na experiência do cliente não muda.
Paulo Golgher: Falando de IA generativa, vejo duas grandes mudanças. A primeira é que ela permite um modelo de interação por perguntas com o usuário – algo que o brasileiro adora e é muito positivo. A segunda é que usar IA no passado era possível, mas muito custoso. Era preciso preparar os dados, ter um grupo de engenheiros e manipular bem as informações. Com IA generativa, muitas dessas tarefas estão bem especificadas nos modelos de mercado, o que tornou a tecnologia não só mais poderosa, mas também mais fácil de ser usada.
2) Como o avanço da IA auxilia no equilíbrio entre os dois lados de um marketplace?
Lucas Lima: À medida que temos mais dados e os processamos com mais velocidade, numa interface melhor, a visibilidade do mercado sobre o valor do imóvel vai aumentar muito. É o que desejamos com o QPreço, uma ferramenta que lançamos recentemente. Comprar um imóvel é o maior investimento da vida da maioria dos brasileiros – mas, muitas vezes, as pessoas fazem isso com uma informação mínima do preço daquele ativo, e até mesmo assumindo uma dívida de 20 ou 30 anos em cima desse valor. Se você reduz a assimetria de valor que existe entre as partes num marketplace, você aumenta a probabilidade de uma transação acontecer.
3) O negócio do QuintoAndar é de baixa recorrência: um contrato de aluguel dura 30 meses, enquanto uma pessoa talvez compre apenas um imóvel a vida toda. Como fazer a tecnologia aprender sobre os usuários e se adaptar dentro dessa característica?
Lucas Lima: Precisamos discutir sobre o valor que a tecnologia agrega à experiência – e ele precisa ser relativo ao que existe hoje no mercado. Hoje, quem busca um imóvel na Vila Nova Conceição pode estar começando sua jornada, mas se beneficia do contexto do imóvel e também de todos os clientes que já procuraram moradia no mesmo bairro.
Paulo Golgher: É preciso dizer ainda que modelos anteriores de aprendizado de máquina eram treinados por repetição – de maneira que era necessário ter grandes massas de dados para gerar um modelo capaz de lidar com precificação, por exemplo. A IA generativa funciona de forma diferente: ela pode modelar a memória. Daqui a 10 anos, a IA poderá se lembrar das preferências de alguém que comprou um apartamento hoje, uma vez que os dados estão mapeados.
4) Uma grande tendência hoje é o uso de agentes – sistemas que não só interagem com o usuário, mas que também podem conversar entre si para resolver problemas complexos. Como o QuintoAndar vê a solução?
Paulo Golgher: Eu tenho um sonho: um dia os cartórios do Brasil terão agentes, nós teremos um agente, e eles vão interagir para registrar imóveis. Não acho que esse sonho seja improvável. Outro bom exemplo são os bancos: imagina se cada banco tivesse um agente que pudesse conversar com o nosso e gerar um financiamento para as pessoas? É algo que reduziria a burocracia e beneficiaria muito o mercado.
5) O corretor é uma figura muito importante para o negócio do QuintoAndar hoje. Como a IA vai ajudá-los – e não acabar com seus empregos?
Lucas Lima: O corretor é e continuará sendo superimportante. Um corretor de compra e venda de imóveis faz, na média, uma transação a cada três meses. Os nossos parceiros fazem 1,5 transação por mês. É cinco vezes superior. A tecnologia cuidará do trabalho duro que não gera diferencial e vai liberar o corretor para o que só ele pode fazer: o atendimento ao cliente, dando o caráter humano a uma transação que é muito importante do ponto de vista emocional.
6) O poder da IA tem crescido exponencialmente – e levado as empresas adiante. Daqui a dois anos, onde o QuintoAndar espera estar com o apoio da tecnologia?
Paulo Golgher: Hoje, quem compra um imóvel caro tem uma experiência de brokers de boutique, que trabalham incessantemente porque é uma transação de alto valor. Em dois anos, acredito que poderemos oferecer essa experiência para todos: de quem está comprando a primeira casa até quem busca um imóvel de luxo. Isso vai acelerar o mercado, democratizar o acesso a outras opções e será bom para compradores, para vendedores e para agentes. Vamos aumentar a torta em vez de dividir a torta.
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Esperamos que tenha gostado deste conteúdo!
A Série de Entrevista: “IA nos Negócios” é um espaço editorial para convidados compartilharem suas visões, experiências e inspirações com o mercado. As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.
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