A iniciativa irá integrar diversas tecnologias como, por exemplo, energia solar, baterias, telecomunicações por satélite, produção de alimentos orgânicos com iluminação led e, principalmente, iniciar o conceito de oxigênio verde.
De acordo com os dirigentes do Grupo Hummano, o que tornou viável o projeto foi o trabalho conjunto de técnicos, pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Edson Vilela, arquiteto e prefeito de Carmo do Cajuro, que juntos estão formando um grupo de estudo avançado de PPPs de alto impacto climático e geradores de oxigênio verde. A ideia é fomentar o uso dessa modelo e método no Brasil e no mundo.
‘Todos que conhecem o papel das florestas e plantas sabem que, para diminuirmos o volume de gases de efeito estufa na atmosfera, não basta diminuir suas emissões, precisamos também contribuir com a natureza, em seu trabalho básico, e ampliar a produção e emissão do oxigênio a partir de esforços humanos com ações naturais do meio ambiente’, disse Vilela.
‘Ou seja, ao invés de concentrarmos recursos imensos unicamente para produção de hidrogênio verde, temos que diversificar e buscar outras soluções e tecnologias conhecidas há décadas mais viáveis economicamente capazes de produzir e armazenar energia de forma eficiente e de baixo custo em qualquer região do planeta, principalmente nos países em desenvolvimento que não causaram o aquecimento climático’, ressaltou.
De acordo com ele, o país não pode mais ficar dependente com uma única fonte de energia, ‘principalmente depois de toda história com o petróleo, industrialização e informatização que geraram os grande problemas climáticos, concentração de riqueza e de criminalidade cibernética que afetam muito mais a que quem tem muito menos’.
Soluções híbridas empregadas
Durante a assinatura da segunda fase do projeto de Cajuru, a cidade atingirá mais de 95% de economia de eletricidade, graças a um sistema de armazenamento que combina de varias formas baterias de lítio, supercapacitores e células de hidrogênio. O município, que possui 24 mil habitantes, também contará com um sistema de armazenamento de energia de pequeno porte, a partir de ar comprimido, com 70% de eficiência, bem como Telecom via satélite, com foco nas empresas da cidade e nômades digitais que necessitam de internet rápida e segura.
Além disso, haverá um espaço de produção horizontal de vegetais e frutas orgânicas em 1 a 2 hectares de área, usando iluminação LED, sistema que economiza 90% de água. Conforme porta-voz do Grupo Hummano, a solução, que envolverá comunidades de baixa renda, receberá o sistema Agroled – baseado no Mirai de hortas horizontais, implantado em Tóquio há 7 anos – que integra energia solar e iluminação LED.
‘Para efeito de comparação, a Mirai, empregando 40 funcionários, produz cerca de US$ 400 mil por ano de alfaces orgânicos, em apenas ½ hectare de área útil, em um prédio de 13 andares, no centro de Tóquio, enquanto uma fazenda de soja no Brasil produz apenas três mil dólares/hectare/ano, criando grandes danos ambientais e climáticos e gerando apenas um emprego a cada 100 hectare’, exemplificou.
O executivo afirmou ainda que a iniciativa terá também a implantação de um pequeno projeto Agro Florestal, que servirá tanto de demonstração para outras cidades como para produção de mudas para reflorestamento nativo.
‘Este projeto seguirá o modelo do SAFTA – Sistema Agro Florestal, implementado pela Bunkyo, do Japão, há mais de 70 anos na região de Tomé-Açu, no Pará, com objetivo de produzir frutas e condimentos de valor agregado e também gerar emprego e renda para as comunidades locais, mantendo a floresta em pé’, explicou o especialista.
Tecnologias utilizadas no projeto
Segue, abaixo, a lista de tecnologias, inovações e serviços que estarão presentes na fase 2 da PPP em Cajuru, que já são conhecidas e testadas pelo Grupo Hummano há mais de 15 anos e estão documentadas no livro Bright Green Book 1 (BGB1), lançado em 2010 com apoio da ONU, vários países e empresas.
- Telecom via satélite;
- Armazenamento de energia via: supercapacitores, baterias de lítio de alta durabilidade, ar comprimido e concentradores solares;
- Produção de energia via: minicélulas de hidrogênio; miniturbinas eólicas; miniturbinas de fluxo hídrico e energia solar;
- Transmissão de internet ultrarrápida para interior via Led – Li-FI;
- Transmissão de dados (Banda Larga) sem fibra óptica – Fluid Mesh;
- Hortas horizontais de cultivo orgânico ultrarrápido com inovação brasileira Agroled combinada com uma agro comunidade;
- Mobilidade elétrica para serviços públicos;
- Serviços públicos online: saúde, educação, prefeitura;
- Coworking comunitário para inovação, empreendimentos verdes e nômades digitais.
Detalhes da Fase 1
A primeira fase foi desenvolvida pelo Grupo Hummano em 2018 e se tornou um dos mais importantes modelos de PPP de cidades inteligentes do mundo, reconhecido pela ONU. Este fato aconteceu ao mesmo tempo que a companhia desenvolvia um modelo de eficiência energética em iluminação pública, que foi vencedor na PPP de cidade inteligente do Rio de Janeiro.
Uma das razões para este mérito deve-se ao fato de ser a única cidade inteligente que alcançou 5 ODM (Objetivos de Desenvolvimento do Milênio), nomeadamente: energia limpa e acessível, trabalho digno e crescimento econômico, indústria, inovação e infraestrutura, cidades e comunidades sustentáveis.
Cerimônia de assinatura
No dia 4 de outubro, em um evento ao vivo e online, promovido pela Unicamp, o Grupo Hummano, a INOVA e o Fórum das Américas irão assinar a PMI para iniciar os estudos da realização da segunda fase da PPP de Carmo do Cajuru.
‘O modelo a ser implantado em Carmo do Cajuru será importantíssimo para mostrar soluções que tornem pequenas e médias cidades quase autossuficientes, com projetos de armazenamento de energia, produção de alimentos orgânicos e telecomunicação via satélite, sendo modelo de cidade inteligente e mais verde para ser replicada mundialmente’, destacou o prefeito Edson Vilela.