Lubrificante adulterado danifica veículos e coloca motoristas em risco
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 15 de julho de 2025
ICL alerta para ameaça silenciosa que afeta boa parte dos produtos vendidos no Brasil
Uma ameaça silenciosa ronda motoristas em todo o País: a adulteração de lubrificantes. Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), um em cada cinco produtos comercializados no Brasil apresenta algum tipo de irregularidade. O impacto vai além do bolso – envolve segurança nas estradas, risco de acidentes e prejuízos estimados em R$ 1,4 bilhão por ano, considerando falhas mecânicas, perda de garantia, manutenção e evasão tributária.
Adulterado com insumos inadequados ou reaproveitados, esse tipo de lubrificante age de forma quase invisível, mas com consequências sérias. Os danos vão desde a formação de borra e entupimento de dutos até o travamento completo do motor em movimento. “O uso contínuo de um óleo adulterado deixa sequelas irreversíveis, que podem se manifestar a qualquer momento – inclusive em situações de alto tráfego”, alerta Carlo Faccio, diretor executivo do Instituto Combustível Legal (ICL). “Nosso objetivo é reforçar que essa ameaça, embora muitas vezes invisível, compromete diretamente a dirigibilidade e a segurança de quem está ao volante.”
Entre os problemas mecânicos causados, estão corrosão de mancais, quebra da correia dentada e danos a pistões e ao eixo virabrequim – tudo isso com alto custo de reparo e, muitas vezes, sem cobertura pela garantia do veículo.
Como se proteger
Segundo o ICL, o consumidor tem um papel fundamental na prevenção. A primeira medida é simples: optar por marcas reconhecidas e pontos de venda confiáveis. “A compra pela internet exige atenção redobrada”, destaca Faccio. “Marketplaces e plataformas de e-commerce têm sido canais de entrada para produtos falsificados ou clonados. Preços muito abaixo do mercado e embalagens danificadas ou sem lacre de segurança são sinais de alerta.”
Além disso, é essencial verificar o selo da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e o número de lote no rótulo, garantindo a origem do produto. E sempre exigir nota fiscal, com descrição do produto e dados do estabelecimento – como razão social, CNPJ e endereço.
Crime organizado por trás das fraudes
Para o Instituto Combustível Legal, a adulteração de lubrificantes faz parte de um esquema maior, que muitas vezes se entrelaça com outro velho conhecido do setor: a adulteração de combustíveis. “Há uma semelhança clara no modus operandi: uso de empresas clandestinas, rotas de distribuição ilegais, depósitos irregulares e as chamadas ‘batedeiras’ – locais onde são feitas misturas ilícitas”, explica Faccio.
Investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro e de São Paulo já ligou essas práticas a redes criminosas com atuação em diferentes segmentos do setor. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o mercado ilegal de combustíveis movimentou R$ 61,5 bilhões no Brasil em 2023, consolidando-se como um dos mais explorados por facções.
Fiscalização e punições
A adulteração de lubrificantes é crime. A Lei nº 8.176/1991 considera a prática uma infração contra a ordem econômica, com pena de até cinco anos de reclusão. Também há sanções previstas no Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/1990), incluindo multas e interdição de estabelecimentos. Já a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) pode aplicar multas que chegam a R$ 5 milhões.
Cabe à ANP a fiscalização direta sobre fabricantes, distribuidores e revendedores de lubrificantes, com o apoio de órgãos como Procon e Decon. Apesar da atuação constante, a escassez de recursos e os cortes orçamentários têm comprometido o alcance das operações.
Nesse contexto, entidades do setor privado têm intensificado sua contribuição. “Apesar dos esforços, ainda é preciso fortalecer a fiscalização para torná-la mais eficiente, integrada e preventiva”, avalia Faccio. “Só assim conseguiremos desidratar o mercado ilegal e proteger quem está na ponta: o consumidor.”