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Com legado centenário, produtora de queijos no sertão do Rio Grande do Norte se destaca por produção sustentável
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 19 de junho de 2024
PR NEWSWIRE
Há uma década à frente da Queijaria JC Caicó, Claudia Araujo, vencedora do Prêmio Mulheres do Agro da Bayer em parceria com a Abag, planeja expandir para todo o país.
SÃO PAULO, 19 de junho de 2024 /PRNewswire/ — A produção de queijo manteiga na região do Seridó, zona central do estado do Rio Grande do Norte, é uma tradição enraizada e um pilar essencial da economia local. Segundo a Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó (ADESE), a região abrange 17 municípios e possui aproximadamente 315 unidades produtivas do alimento. Em Caicó, a queijaria de Claudia Araujo, presente em sua família há quase um século, é um exemplo desse legado regional.
Inicialmente, Claudia não tinha interesse em seguir os passos do pai e do marido na queijaria, mas, a necessidade de ajudar na fazenda e o incentivo de amigos a levaram a mergulhar no universo dos queijos. “Com alguns materiais emprestados começamos a tirar leite e a produzir o queijo, só nós dois, sem mais ninguém. Em seis meses, começamos a crescer e a ganhar conhecimento regional”, relembra a produtora.
A Queijaria JC Caicó é administrada pela família de Claudia há duas gerações. Seu pai trabalhou no ramo por 50 anos e há dez ela comanda a empresa ao lado do marido, que também vem de uma família de queijeiros. A mão de obra é quase totalmente familiar, envolvendo a produtora, seu marido e seus três filhos. Claudia conta apenas com um atravessador que a visita periodicamente para levar seus produtos para a capital do estado. Aos poucos, eles conquistam mais clientes: além do Rio Grande do Norte, seus queijos chegam a alguns locais de São Paulo, Rio de Janeiro e João Pessoa, resultando em 90% da produção sendo enviada para fora da cidade.
Para o futuro, Claudia tem um único desejo: uma sucessão familiar equilibrada, onde seus filhos não precisem se dedicar integralmente ao trabalho. Para isso, pretende automatizar ainda mais sua fazenda, otimizando o processo de ordenha das vacas. “Atualmente, temos um sistema que ordenha quatro vacas e queremos expandir para oito, o que melhorará a eficiência da mão de obra e a qualidade do queijo, pois usaremos nosso próprio leite para toda a produção”, conta. Com essa mudança, a produção diária aumentaria para 1.200 litros de leite, o dobro da atual.
Claudia e sua família combinam técnicas industriais, como o uso de caldeiras e máquinas de ordenha, com métodos artesanais, preservando assim a essência e o sabor que são o diferencial de seus queijos. “Muitas pessoas associam ‘indústria’ e ‘laticínio’ a produtos industrializados, mas, apesar de operarmos como uma queijeira com características industriais, seguimos rigorosamente um processo artesanal. A receita é um legado familiar que atravessa gerações”, afirma orgulhosa. Sua propriedade abrange um total de 241 hectares, onde o leite é coagulado e o coalho é aquecido lentamente, resultando em uma massa que é então sovada e moldada. Após a moldagem, o queijo é maturado por cerca de 5 a 7 dias, desenvolvendo seu sabor característico e textura amanteigada.
O caminho trilhado ao longo destes dez anos de trabalho não foi fácil, mas hoje Claudia e seu marido conseguem desfrutar dos resultados. Nesse período, a produção semanal de leite saltou de 3 mil para 11 mil litros, e a produtividade do queijo aumentou em 400%, passando de 30 kg para 150 kg de queijo vendidos por mês. Esses avanços foram impulsionados não apenas pela mecanização da ordenha das vacas, que antes era manual, mas também pela substituição do fogão a lenha por caldeiras na produção dos queijos.
Para alcançar esses números, Claudia destaca que um dos maiores desafios foi manter a qualidade do produto do início ao fim, uma vez que a produção do queijo manteiga exige atenção meticulosa a todos os detalhes, desde a seleção dos ingredientes até o controle rigoroso das condições de produção e armazenamento. Por isso ela estabeleceu como meta usar exclusivamente o leite de suas próprias vacas na fabricação dos queijos. Isso garante controle total sobre a qualidade do leite desde a alimentação e manejo do gado até a ordenha, resultando em um produto mais consistente, saboroso e livre de variações indesejadas.
ESG e reconhecimento
A sustentabilidade e a preocupação com o social também são prioridades na Queijaria JC Caicó. Para alimentar seu gado, Claudia reaproveita a água utilizada na produção dos queijos e cultiva a palma forrageira, uma planta resistente a altas temperaturas e comumente utilizada para nutrição de bovinos leiteiros em regiões de escassez hídrica. “Temos tanques abaixo da queijeira onde armazenamos água, que usamos para cultivar a palma. Com isso, conseguimos otimizar o uso de nossos recursos”, explica.
Outra prática comum na propriedade é receber visitantes de diferentes estados, além do próprio Rio Grande do Norte, para fins educativos. Seu irmão, que estudava gastronomia, viu na fazenda uma oportunidade de disseminar a tradição e o conhecimento gerados ali. Com isso, passou a organizar grupos de estudantes e levá-los até a queijaria para conhecerem a produção de queijo. Desde então, isso se tornou recorrente.
“As visitas duram no máximo meia hora, mas para cursos práticos oferecemos o tempo necessário. Recebemos alunos de gastronomia de Recife e até crianças. Mostramos todo o processo de produção e tentamos educá-los sobre a autenticidade dos produtos, além de oferecer degustações dos queijos e dos doces que produzimos”, relata Claudia.
Essas e outras boas práticas agrícolas aplicadas na queijaria garantiram a Claudia o segundo lugar na categoria média propriedade da sexta edição do Prêmio Mulheres do Agro. A iniciativa, idealizada pela Bayer em parceria com a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), existe desde 2018 e já premiou 54 produtoras e uma pesquisadora do setor. “É gratificante que haja uma premiação dessas, pois inspira outras mulheres a irem além e mostrarem seu potencial”, diz.
Claudia foi anunciada como uma das vencedoras em outubro de 2023, durante o 8º Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio. Até o dia da cerimônia, a produtora conta que ainda estava incrédula de onde havia chegado e sem acreditar que, de fato, receberia o reconhecimento. “Nunca quis ser a melhor, sempre fiz o que faço porque gosto. Cresci na zona rural, onde o dia a dia me ensinou a apreciar cada momento. Tudo o que faço, faço com prazer”. Além do reconhecimento, Claudia diz que se tornar uma inspiração para outras mulheres de sua região após a premiação, tem sido gratificante.
Das 54 produtoras rurais vencedoras do Prêmio Mulheres do Agro até agora, Claudia é a segunda representante do Rio Grande do Norte. “É preciso acreditar em si mesma e não esperar que alguém acredite por nós ou nos diga que somos capazes. É essencial que nós, mulheres, nos valorizemos pelo trabalho que realizamos. Muitas vezes ficamos nos bastidores e nos dedicamos intensamente a algo. Então, o que eu digo é: mostrem ao mundo que são vocês que fazem o trabalho”, encoraja a produtora.
As inscrições para a sétima edição do Prêmio Mulheres do Agro estão abertas até 31 de julho. Para se inscrever ou indicar uma produtora rural, basta acessar o site da premiação.
Foto – https://mma.prnewswire.com/media/2443113/Queijaria_JC_Caico.jpg
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FONTE Bayer
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