Do zero ao sucesso: brasileiros que estão transformando o mercado americano

Seja com planejamento e estrutura, ou com a cara e a coragem, brasileiros estão transformando o cenário de negócios em solo norte-americano

O empreendedorismo brasileiro vem ganhando espaço nos EUA nos últimos anos. Esse movimento atravessa setores e une empresários e trabalhadores que decidiram recomeçar a vida em outro país. Entre tantos empresários, há quem migre apostando em instinto e resiliência e os que apostam em planejamento e assessoria especializada para construir operações internacionais sólidas. O ponto em comum? A ambição de prosperar em solo americano.

Fundador e CEO da CFO Auto Group, concessionária e locadora de automóveis com sede na Flórida, Diego Moralles desembarcou nos EUA com apenas US$6 mil no bolso. Começou lavando calçadas e, com vídeos virais nas redes sociais, construiu uma marca que já comercializou mais de 3 mil veículos, focando no público imigrante. “ Sempre sonhei em morar fora e buscar qualidade de vida. Chegar nos Estados Unidos foi recomeçar do zero: lavei calçadas, trabalhei na construção e, com US$1.200, comprei e vendi meu primeiro carro. Vi nas redes sociais uma chance e, de repente, meus vídeos viralizaram. Conheci o Vasco, meu sócio, que já tinha experiência no Brasil, e decidimos unir forças. Em 2023, nasceu a CFO Auto Group, concessionária e locadora para atender quem chega no país. Hoje, ser reconhecido pelos imigrantes mostra que, com coragem e resiliência, dá para vencer em qualquer lugar”, destaca o empresário.

Até o final de 2024, empresas brasileiras já representavam 18% das certificações de veículos usados para revenda na Flórida, segundo o relatório SelectFlorida, um crescimento expressivo de 40% em apenas dois anos. Esse avanço não apenas consolida a inserção estratégica do empreendedorismo nacional no competitivo mercado norte-americano, como também evidencia o papel decisivo dos brasileiros na redefinição dos padrões de qualidade e credibilidade do setor. Diante desse cenário, a marca agora expande os negócios com o lançamento de sua própria financeira, voltada a estrangeiros com pouco histórico de crédito. “Faltava alguém que falasse a nossa língua, entendesse nossa jornada e oferecesse soluções reais para quem está começando do zero aqui”, resume.

Na outra ponta está o advogado Guilherme Vieira. Ele chegou aos Estados Unidos com a bagagem de uma vida marcada por superações e um objetivo claro: transformar desafios em oportunidades. Vindo do interior de Goiás, onde estudou em escolas públicas e enfrentou dificuldades financeiras, ele conquistou uma vaga em Direito pela PUC-GO e, anos depois, decidiu buscar novos rumos fora do Brasil. Nos EUA, encarou um processo migratório conturbado, chegou a ter grandes percalços em sua vida como imigrante nos EUA. Mas não desistiu. Estudou a fundo o Direito de Imigração & vistos aos EUA, venceu a disputa e transformou sua dor em propósito. “Passei pelo que muitos brasileiros enfrentam: incerteza, medo, burocracia e erros. Minha missão é orientar outros para que não passem por isso sozinhos e ganhe tempo em vida, 10 anos em 1”, afirma. Com uma visão empreendedora e foco no atendimento humanizado, fundou a On Set Consultoria, que hoje atende mais de 3.200 clientes entre Brasil e EUA, com escritórios em Boston (EUA) e Brasil (Alphaville/SP), além do atendimento virtual, que corresponde a 85% da comunicação da empresa e agilidade com os clientes. Em menos de cinco anos, tornou-se referência em imigração e negócios internacionais, com previsão de faturar R$ 15 milhões em 2025.

No entanto, a jornada exige mais do que coragem: planejamento e orientação adequada são fundamentais. É o que explica o especialista Dr. Guilherme Vieira, que elencou cinco pontos que devem ser considerados antes de dar esse passo.

Planejamento do negócio – Defina o segmento (tecnologia, serviços, comércio etc.) e escolha o estado americano mais favorável em termos de impostos, mercado e legislação.

Estrutura legal – Escolha entre LLC, mais simples e protetiva, ou C- Corp, ideal para quem busca investidores. Não esqueça de obter o EIN, equivalente ao CNPJ.

Visto e situação migratória – O visto deve ser compatível com o perfil do empreendedor: E-2 (investidores), L-1 (filiais), EB-1/EB-2 (Green Card) ou opções específicas como O-1 e H-1B.

Conta bancária e documentos – Com empresa registrada e EIN, é possível abrir conta comercial. A escolha do banco deve considerar visto, tipo de operação e benefícios oferecidos.

Plano de negócios – Documento essencial para vistos e para a empresa, deve detalhar modelo de atuação, produtos, análise de mercado, projeções financeiras e geração de empregos.

Segundo Vieira, contar com orientação especializada aumenta as chances de sucesso e minimiza riscos. “Por mais que a coragem impulsione, é o respaldo de um bom profissional e de uma boa empresa que sustenta o sucesso da sua nova jornada”, conclui.

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