Agência Minera Brasil
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 5 de agosto de 2024
Começo pela conclusão. O Brasil tem todas as condições para ter um papel de protagonista na transição energética. Sobretudo na condição de produtor dos minerais ditos críticos ou estratégicos dos quais a indústria tanto necessita, e que tem suas perspectivas de forte crescimento de demanda.
Vivemos uma era de mudanças estruturais em padrões de consumo, comportamento, valores, e tudo isso se relaciona e afeta oferta e demanda de minerais. Controle de cadeias de produção, e desenvolvimento de tecnologias voltadas para a indústria de baixo carbono são cada vez mais discutidos e os efeitos dessas mudanças são assimilados pela indústria e pela sociedade.
Nos últimos anos, em particular nos últimos cinco anos, somos testemunhas de um despertar de governos, mercados consumidores, e empresas de mineração, para o papel estratégico que a produção de minerais relacionados à transição energética, em especial lítio, terras raras, grafita, cobre e níquel, terão. Muitos alertas têm sido emitidos com foco nas necessidades de aumento de produção para atender ao aumento da demanda. A eletrificação do transporte e as necessidades de redução de emissões, colocaram o Brasil no centro dos esforços de busca por fontes de minerais vinculados à transição energética.
Há no presente uma nova oportunidade histórica para o Brasil diversificar sua produção de bens minerais e ser menos dependente de ferro e ouro, além de promover as cadeias industriais necessárias para a economia de baixo carbono.
Com base nos dados públicos de redução de emissões de CO2 já divulgados, não atingiremos o compromisso de redução das emissões do Acordo de Paris. Em todo caso, somos um dos países que tem posição de destaque neste tema.
O Brasil investiu US$ 34,8 bilhões em transição energética em 2023, o que abrange iniciativas em energia renovável, captura de carbono, hidrogênio verde e veículos elétricos. Os dados são de relatório da Bloomberg NEF’s Energy Transition Investment Trends 2024, divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME).
Temos uma matriz energética renovável, com mais de 80% de sua produção de eletricidade proveniente de fontes como hidrelétricas, energia eólica, solar e biomassa. Isso nos coloca entre os países com maior percentual de energia limpa no mundo. Nossas hidrelétricas são a principal fonte de energia elétrica, fornecendo cerca de 60% da eletricidade do país. Nosso potencial hídrico é vasto, o que nos permite uso constante dessa fonte.
Nos últimos anos, vivenciamos forte expansão do investimento em energia eólica e solar, com a construção e operação de grandes parques eólicos, especialmente na região Nordeste, e um grande crescimento na geração solar, com incentivos para instalações residenciais e comerciais. Nos biocombustíveis, especialmente o etanol produzido a partir de cana-de-açúcar, dominamos a tecnologia e assim temos forte contribuição para redução de emissões de gases do efeito estufa, além de reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis.
Nosso território é geologicamente fértil e ainda relativamente desconhecido do ponto de vista geológico, o que pode, sem dúvida, reservar boas surpresas para o futuro. A busca por jazidas de terras raras por exemplo, desencadeou a reavaliação de jazidas já esgotadas para outros minerais como estanho ou fosfato. Vemos reavaliações em curso nos estados de Goiás, Rondônia, Minas Gerais, Bahia, entre outros. Além disso, há diversas companhias com projetos em desenvolvimento e resultados encorajadores.
Vários esforços com vistas a criação de mecanismos de financiamento para pequenas e médias empresas de mineração, produtoras ou não são necessários e fundamentais para desenvolver um ecossistema eficaz para impulsionar o setor. Há no Brasil talentos e mão de obra capacitada para atender às demandas advindas desse período de transição, mas é fundamental contar com maior esforço colaborativo, diálogo e capilaridade dos centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico brasileiros, e neste sentido há iniciativas meritórias em curso.
O Brasil é uma nação de renda média, e não há condições de competir com americanos ou europeus, que dada sua renda mais alta, criam incentivos e subvenções para acelerar a produção de commodities e desenvolver ou aumentar a capacidade de suas cadeias de suprimento. Vale lembrar que estas sociedades, diferente da brasileira, enriqueceram antes de envelhecer. Em todo caso, há uma clara oportunidade para nos beneficiarmos desses recursos que são investidos em pesquisa e extração de minerais como terras raras, lítio, grafita, cobre, níquel, entre outros.
Na perspectiva governamental a importância e urgência deste período de transição é evidente, e arrisco dizer que a maior contribuição para colocar o Brasil como protagonista da transição energética é garantir a oferta contínua de direitos minerários através dos leilões de áreas da ANM, trabalhar para que o fardo regulatório seja o menor possível, e contar com uma Agência Nacional de Mineração devidamente preparada para os desafios e oportunidades destes tempos.
Encerro apontando que o país se beneficia do alto interesse pelos minerais estratégicos, e captura assim parte dos investimentos necessários mundo afora. Há preocupação em desenvolver toda a cadeia de suprimentos dentro do Brasil, mas não é necessário repetir erros do passado, e resta crer que aprendemos com os mesmos.
As linhas acima não são produto de minha torcida pessoal, tampouco de um otimismo sem cura, mas fruto de vivência nestes tempos de mudanças e avanços tecnológicos.
Marcos André Gonçalves é Presidente do Conselho Superior da Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro DIMB
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