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Menos especulação, mais fundamentos: o novo ciclo do lítio
Mercado de lítio entra em fase mais madura e estrutural. Warley Pereira / Agência Minera Brasil

Menos especulação, mais fundamentos: o novo ciclo do lítio

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 16 de dezembro de 2025

Após volatilidade extrema, quedas abruptas de preços e incertezas sobre oferta e demanda, o mercado global de lítio começa a dar sinais de que entrou em uma nova fase. Uma fase menos especulativa, mais madura e sustentada por vetores estruturais, afirma Ana Cabral, CEO da Sigma Lithium.

Por trás do alta recente das ações da Sigma Lithium está menos especulação e mais fundamentos estruturais. A avaliação é da CEO da companhia, Ana Cabral, que afirmou, em entrevista ao Money News, da CNN, que o mercado global de lítio entrou em um novo ciclo de equilíbrio entre oferta e demanda, sustentado por vetores estruturais como a expansão dos veículos elétricos e o avanço acelerado da inteligência artificial.

As ações da Sigma Lithium acumulam alta de 34% no último mês, acompanhando a recuperação dos preços do lítio no mercado internacional. O contrato futuro do carbonato de lítio ultrapassou US$ 13 mil por tonelada, maior patamar em um ano e meio, reacendendo o apetite dos investidores por ativos ligados à transição energética.

Segundo Ana Cabral, o movimento recente precisa ser entendido a partir de duas dimensões: conjuntural e estrutural.

“A volatilidade dos metais industriais neste ano foi muito acirrada por fatores conjunturais, como o chamado ‘tarifaço’, que trouxe dúvidas sobre a atividade industrial global, especialmente na China. Isso afetou lítio, níquel, cobre, todos os metais industriais”, explicou.

Com o arrefecimento dessas incertezas, o mercado volta a precificar os fundamentos de longo prazo.

Demanda estrutural em dois dígitos

O setor entra agora em um novo ciclo estrutural, impulsionado principalmente pela eletrificação da mobilidade. “O crescimento dos veículos elétricos é estável e segue em dois dígitos, na casa de 12% a 13% ao ano. Em 2019, o mundo tinha cerca de 2 milhões de carros elétricos. Este ano, deve fechar com aproximadamente 19 milhões”, afirmou.

Mas a grande surpresa de 2025, segundo Ana Cabral, vem de um novo vetor de demanda: a inteligência artificial. “Baterias, que antes eram uma proxy de carros elétricos, passaram a ser também de inteligência artificial. O crescimento acelerado dos data centers exige armazenamento de energia, especialmente em regiões que dependem de fontes renováveis intermitentes”, disse.

Esse movimento, na Avaliação de Ana Cabral cria uma nova frente de consumo para materiais de baterias, como o lítio, ampliando a demanda estrutural do setor.

Lítio entra na “idade adulta”

Após anos de forte volatilidade, Ana Cabral avalia que o mercado de lítio amadureceu. “O lítio não é raro. O que faltava, lá atrás, eram empresas focadas em entregar volumes com resiliência, ou seja, capazes de produzir com margem em diferentes ciclos de preço”, afirmou.

Segundo ela, o setor caminha para um ponto de equilíbrio a partir de 2026. “É consenso que oferta e demanda entram em equilíbrio. A partir daí, o preço passa a se comportar muito mais em função dos elementos estruturais de crescimento”, disse.

Sigma entre os produtores de menor custo do mundo

Nesse novo cenário, a Sigma Lithium se posiciona de forma competitiva. De acordo com Ana Cabral, a empresa está entre os três produtores de menor custo do mundo, com um ponto de equilíbrio extremamente baixo. “O nosso breakeven está em torno de US$ 590 por tonelada, incluindo todos os custos, juros e despesas administrativas. Operamos de forma confortável no nível de preço atual”, destacou.

Atualmente, segundo a executiva, apenas três produtores integrados — com mina e capacidade industrial — conseguem atender de forma eficiente uma parcela relevante da demanda global. “Esses produtores de baixo custo conseguem atender menos de um terço da demanda mundial. A pergunta que o mercado começa a se fazer é: de onde virão os outros dois terços?”, provocou.

China dita o teto, não o piso

Ana Cabral também abordou o papel da China no mercado global. Para ela, o país estabelece um teto para os preços, mas não inviabiliza produtores eficientes.

“Existe um excesso de capacidade de refino na China, com margens negativas. O teto hoje está em torno de US$ 15 mil a US$ 16 mil por tonelada, fruto do enorme investimento chinês em redução de custos”, explicou.

Nesse ambiente, o diferencial competitivo está na integração entre mina e indústria, modelo adotado pela Sigma. “O desafio é gerar margens robustas dentro desse intervalo de preços, em uma indústria de volume. E é exatamente onde nós operamos”, afirmou.

Brasil no centro do mapa do lítio

Com operações no Vale do Jequitinhonha (MG), a Sigma Lithium volta a ocupar posição de destaque no radar dos investidores globais. Para o mercado, a combinação de preços mais firmes, demanda estrutural crescente e produtores de baixo custo cria as condições para um novo ciclo de valor no setor.

Apesar do otimismo, Ana Cabral pondera que a volatilidade ainda faz parte do jogo. “O mercado de lítio continua sensível a ajustes de oferta, especialmente vindos da China. Mas, pela primeira vez em anos, o debate deixou de ser se haverá demanda. Agora a discussão é quem consegue entregar volumes com margem”, concluiu.

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