Fundo Garantidor pode destravar crédito e acelerar projetos de minerais críticos no Brasil
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 22 de outubro de 2025
Relatório do deputado Arnaldo Jardim prevê instrumento financeiro para apoiar empresas juniores e fortalecer a cadeia nacional da transição energética
O Congresso Nacional avança nas discussões sobre o Projeto de Lei 2780/2024, que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE), que busca preparar o país diante dos desafios da transição energética. O texto, relatado pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), traz uma inovação aguardada pelo setor: a criação de um Fundo Garantidor voltado a reduzir riscos de crédito e ampliar o acesso a financiamento para empresas juniores e de médio porte.
Segundo Jardim, o fundo será de natureza privada, com cotas integralizadas pela União e por empresas do setor, e terá gestão profissional escolhida por processo seletivo público. O objetivo é oferecer garantias de crédito que tornem viáveis os financiamentos junto a instituições financeiras nacionais, como o BNDES, catalisando novos investimentos na cadeia de minerais críticos.
“A proposta surgiu de uma demanda direta do setor mineral e foi integralmente acolhida no relatório. A ideia é criar um instrumento que mitigue o risco e promova competitividade, especialmente nas fases iniciais da cadeia produtiva, que exigem capital intensivo e têm alto grau de incerteza”, explicou o parlamentar.
Mecanismo de crédito para impulsionar empresas juniores
Especialistas avaliam que o fundo pode mudar o ambiente de financiamento da mineração brasileira. “A viabilidade econômica de projetos de minerais críticos é frequentemente comprometida por riscos geológicos, tecnológicos e de mercado, o que dificulta o acesso ao crédito tradicional. A criação de um fundo garantidor especializado mitigará esse risco perante instituições financeiras, catalisando investimentos essenciais para a segurança industrial e mineral do país”, analisa Frederico Bedran, advogado especialista em direito minerário.
Para o setor, o instrumento representa mais do que uma política financeira — é um sinal de maturidade institucional e integração entre governo e iniciativa privada. “Mais do que um mecanismo de crédito, o fundo simboliza a união do ecossistema de minerais críticos no Brasil. Quando grandes mineradoras, empresas juniores, governo e investidores atuam de forma integrada, todos se tornam mais fortes e capazes de acelerar o desenvolvimento sustentável e tecnológico do país. O Fundo Garantidor pode ser o elo que faltava entre a exploração mineral e a transformação mineral e industrialização de baixo carbono. Ao reduzir o risco de financiamento, ele viabilizará projetos que hoje param no meio do caminho por falta de garantias e criará condições reais para que as fases de beneficiamento, transformação e tecnologia permaneçam em território nacional”, afirmou Marisa Cesar, diretora de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da PLS.
Transformar crédito em industrialização
O diretor executivo da Graphcoa, Ricardo Alves, avalia que o Fundo Garantidor tem potencial para posicionar o Brasil de forma competitiva na cadeia global de minerais críticos, ampliando a confiança dos investidores. “Medidas que aumentem a previsibilidade e fortaleçam a confiança do investidor são essenciais. O Brasil tem potencial geológico, mão de obra qualificada e uma cadeia de fornecedores robusta – faltam, ainda, instrumentos que facilitem e tornem mais competitivos o financiamento desses projetos”, pontuou.
Marcelo Carvalho, diretor executivo da Meteoric, destacou que o fundo permitirá financiar projetos de transição energética dentro do país, evitando a dependência de bancos internacionais e contratos de offtake. “Cerca de 95% dos projetos de minerais críticos no Brasil são conduzidos por empresas juniores, que não têm garantias reais. O BNDES exige garantias para financiar, o que hoje as exclui. Sem o fundo, esses projetos acabam sendo financiados por bancos estrangeiros, e o país segue exportando apenas minério primário”, explicou.
Carvalho diz que com o Fundo Garantidor, os projetos poderão ser financiados no Brasil, gerando empregos e industrialização. É um mecanismo essencial para que a transformação mineral e o desenvolvimento da cadeia industrial ocorram aqui — e não no exterior.
Marco legal antes da COP30
Parlamentares e representantes do setor defendem que o marco legal dos minerais críticos seja votado antes da COP30, em Belém (PA), reforçando a imagem do Brasil como fornecedor seguro e sustentável de matérias-primas estratégicas. A proposta, construída de forma colaborativa com o governo, deverá ser debatida nas próximas semanas.
Se aprovado, o Fundo Garantidor da Atividade Mineral poderá se tornar um divisor de águas para a mineração brasileira, promovendo confiança, inovação e competitividade, em um momento em que o mundo busca novas fontes de minerais essenciais à transição energética e à descarbonização global.
O que é um Fundo Garantidor
Para que serve? Reduzir o risco do credor e baratear o financiamento de projetos na fase CAPEX, a fase crítica do funil (pré-operacional).
Como ajuda a júnior mining? Substitui parte das garantias reais que essas empresas não possuem, tornando a operação financiável.
O que não é: não é subsídio direto nem capital “a fundo perdido”; é garantia condicionada, com regras e monitoramento.
Benefício sistêmico: ativa cadeias locais e tecnologia; evita que o valor agregado migre com contratos de offtake para fora do país.
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