Como as efemérides consolidam o legado do setor elétrico brasileiro
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 17 de dezembro de 2025
Na Memória da Eletricidade, datas comemorativas se tornam projetos de valorização da memória empresarial .
A história é formada por conjuntos de diversos acontecimentos. Alguns são mais importantes do que outros. Certos fatos, considerados de grande relevância, são lembrados por décadas e séculos à frente, constituem as chamadas efemérides. No Brasil, datas como a Independência, em 7 de setembro de 1822; a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889; a Abolição da Escravidão, em 13 de maio de 1888; e a Semana de Arte Moderna, em fevereiro de 1922, figuram entre as principais efemérides – ou datas comemorativas – por representarem marcos de mudanças políticas, sociais e culturais do país. Essas e outras diversas datas que integram o calendário anual têm uma função em comum: são ferramentas de construção de memória. Os países, em seus processos de formação, destacaram e celebraram os principais acontecimentos de sua história, tradição que permanece até a atualidade.
“As efemérides são instrumentos de memória poderosos que resgatam momentos celebrativos e conferem sentido e legitimidade ao passado. Por isso, elas se tornaram ferramentas importantes para diferentes grupos e agentes históricos, que as utilizam para reforçar seus pontos de vista, legitimar posições ou dar novos significados a certos eventos e símbolos. A escolha de uma efeméride é, na prática, a escolha do que se comemora, e, em contrapartida, do que se deixa de lado. Por meio de festas, feriados, homenagens e campanhas, elas criam um tempo social compartilhado, que aproxima as pessoas e reforça laços de pertencimento, consolidando um sentimento de continuidade histórica”, explica Gabriel Vabo, historiador e arquivista da Memória da Eletricidade.
Para além das esferas nacional, estadual e municipal, a consolidação e celebração de efemérides também são práticas recorrentes no meio corporativo. Empresas costumam instituir suas próprias datas comemorativas, seja a de fundação, a de lançamento de um produto marcante, a de início de um projeto de impacto social ou a de conquista de uma certificação relevante. A pesquisadora Ruth Levy explica que a solenidade funcionou como um inventário de tudo o que estava acontecendo no Brasil: “O grande foco era mostrar para o mundo em que pé nós estávamos em termos de ‘civilização’, em que pé nossas cidades estavam em termos de serem cosmopolitas… Havia uma ideia determinista e evolucionista muito forte, no sentido de que as nações vão evoluindo até o momento em que elas chegam na ‘idade do progresso’ e devem apresentar isso. Então, tinha esse caráter de provar que estávamos prontos para concorrer com os países mais desenvolvidos”.
Efemérides no Setor Elétrico Brasileiro
A própria história do setor elétrico brasileiro também é marcada por efemérides estruturantes, que ajudam a compreender a formação e a evolução da infraestrutura nacional. Em 1883, por exemplo, a cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) inaugurou a primeira iluminação elétrica pública do Brasil e da América Latina, marco frequentemente lembrado como o início oficial da eletrificação no país. Décadas depois, em 1945, a criação da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) – hoje integrada à Axia Energia, antiga Eletrobras – se tornou um divisor de águas para o desenvolvimento do Nordeste, ao ampliar a capacidade energética da região. Já em 1962, a fundação da então Eletrobras consolidou uma política energética nacional mais integrada, reforçando o papel da estatal na coordenação e expansão do setor. Esses marcos históricos ajudam a explicar por que, no presente, as datas comemorativas continuam ocupando um lugar relevante no setor.
Quando o número do aniversário é redondo, a celebração costuma ganhar ainda mais peso. Além dos eventos e festas que reúnem os colaboradores, as empresas aproveitam esses marcos para lançar iniciativas internas e criar ações de integração com a comunidade. Iniciativas estruturantes também podem ser colocadas em prática, como programas de inovação, revitalização de instalações e até ações dedicadas à preservação da própria trajetória.
É nesta última que a Memória da Eletricidade se especializa, com capacidade de eternizar as histórias das empresas de formas multimidiáticas, resultando em livros, exposições, gestão de acervo, gestão documental e programas de História Oral.
Conforme Vabo explica, no âmbito corporativo, as efemérides são utilizadas para fortalecer a reputação das empresas, destacando valores de tradição, expertise, estabilidade e solidez institucional. “Elas ajudam a construir uma narrativa de continuidade e confiança, reforçando o vínculo da marca com seu público interno e externo, além de consolidar uma cultura organizacional sólida, baseada em valores e aprendizados reais”.
Marcos que geram legado
Dois dos projetos especiais da Memória da Eletricidade partiram de datas importantes: o que comemorou os 60 anos da então Eletrobras, hoje Axia Energia, e o que homenageou o centenário de Mário Bhering, quarto presidente da holding e fundador da Memória da Eletricidade.
No primeiro, a instituição foi responsável pela produção do livro “ Eletrobras 60 anos ” e da exposição virtual de mesmo nome, que demandaram uma vasta pesquisa sobre toda a trajetória de inovação e pioneirismo da empresa. O projeto “ 100 anos de Mário Bhering ”, por sua vez, incluiu o lançamento de um livro de arte com mais de 40 aquarelas de autoria do engenheiro – e artista nas horas vagas –, um documentário com entrevistas e depoimentos de importantes nomes do setor sobre a trajetória de Bhering e uma exposição virtual com 59 pinturas.

Parte dos Programas de História Oral seguem o mesmo padrão, como o de 35 anos do Cepel (2009), o do Centenário da Light (2005), o de 40 anos da Eletrosul (2008) e o de 50 anos da Eletrobras (2012). A partir de entrevistas, a iniciativa busca iluminar e aprofundar aspectos sobre determinada realidade, sejam padrões culturais, estruturas sociais, processos históricos e até laços do cotidiano. Resgata informações guardadas nas lembranças do depoente que ajudam a compreender contextos específicos e até a abrir novas perspectivas.
No âmbito do setor elétrico, a História Oral coleta depoimentos de colaboradores e stakeholders, humaniza a trajetória da empresa e aumenta o engajamento com seus valores e identidade, o que também pode resultar em produtos institucionais. Por valorizar as experiências e visões de cada entrevistado, o método pode revelar informações além das que estão nos documentos usuais com os quais o historiador trabalha, além de carregar subjetividade.
“Nos últimos anos, muitas organizações têm repensado a forma como utilizam as efemérides corporativas. Por muito tempo, valorizavam apenas a alta gestão, reproduzindo hierarquias e deixando de lado a diversidade de vozes que compõem a instituição. Já hoje, busca-se celebrar marcos que envolvem toda a empresa, reconhecendo trajetórias individuais e coletivas, e valorizando colaboradores de diferentes áreas e níveis. Assim, as efemérides deixam de ser apenas um instrumento de autopromoção institucional e se tornam uma ferramenta de engajamento, pertencimento e fortalecimento da cultura organizacional”, destaca Vabo.

Sobre a Memória da Eletricidade
Em um único segundo o agora já vira memória, e valorizá-las é imprescindível para compreender o presente e projetar o futuro. No site da Memória da Eletricidade é possível explorar todo acervo e os projetos já realizados durante os 39 anos de atuação do setor. Acesse https://memoriadaeletricidade.com.br/ e conheça.
Créditos: Projetos ‘Eletrobras 60 anos’ e ‘100 anos de Mário Bhering’. Foto: Gabriel Rechenioti | Acervo Memória da Eletricidade ( Imagem de Capa )
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