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Coluna CEO da saúde: A saúde está nas mãos de todos nós

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 8 de abril de 2024

Dr. Victor Piana de Andrade é médico patologista e CEO do A.C.Camargo Cancer Center

A SAÚDE ESTÁ NAS MÃOS DE TODOS NÓS

Hoje celebramos o Dia Mundial da Saúde. Atualmente, a data nos remete a uma ambiguidade: falamos muito mais de doença do que de saúde. Saúde não se faz só com médicos, remédios e hospitais. Saúde está nas mãos de todos e em todos os lugares. Está no saneamento básico, na qualidade do ar e da água, na logística da alimentação in natura, na política contra o fumo e os alimentos ultraprocessados, na vacinação, na transformação digital e na coordenação para colocar o esforço de prevenção muito acima do esforço do tratamento. Saúde pede o letramento e protagonismo de cada cidadão sobre seus hábitos e riscos e o convite para ser um agente da própria transformação.

Nossa sociedade está vivendo mais porque resolvemos as doenças infecciosas no século passado. Hoje em dia, o que mais mata são as doenças cardiovasculares e o câncer -condições associadas a pessoas com mais de 50 anos e aos hábitos da vida moderna. O câncer cresce no mundo com previsão de 19,3 milhões de novos casos e 10 milhões de óbitos até 2025. Prevemos, ainda, um aumento de 40% a 60% nos próximos 20 anos. Os dados são alarmantes e pedem ações urgentes.

O nosso grande desafio agora é de gestão. A ciência já avançou muito, novas técnicas e terapias surgiram, prolongando a vida dos doentes. Porém, a um custo insustentável. Sou médico patologista com 25 anos de dedicação ao câncer. Há 8 anos atuo como gestor de saúde e afirmo: para melhorar a situação em relação ao câncer no Brasil, falta sair do atual “EGOsistema” e formar um ECOsistema com foco no paciente e na sociedade. Não há recursos para irrigar a cadeia de desperdícios atuais. A qualidade, a pertinência e o custo precisam ganhar o espaço agora ocupado pelo volume de atendimentos.

O governo, as empresas empregadoras, as operadoras, os médicos e demais profissionais da saúde e até as mídias sociais devem, de forma coordenada, facilitar o entendimento e incentivar as atitudes preventivas para a saúde oncológica. O câncer é parte da vida dos pacientes, mas só parte e, com acesso ao diagnóstico precoce e tratamento ágil e coordenado, nossos cidadãos continuarão produtivos para a sociedade após o câncer, custando uma fração do que custam hoje ao tratarem um caso avançado.

Nestas mais de sete décadas desde a formação da Organização Mundial da Saúde (OMS), criamos medicamentos com a precisão molecular, ativamos e desligamos quase qualquer molécula que quisermos, transformamos a vida mesmo daqueles com doença muito avançada. A ciência e a indústria fi zeram a sua parte, não nos faltam conhecimento nem tecnologia. Há também conhecimento suficiente para evitar pelo menos 40% dos tumores. Os outros 60% poderiam ser descobertos mais precocemente. Por que, então, precisamos aguardar o câncer surgir para agir? Por que ficamos tão felizes com a descoberta de medicamentos para câncer avançado e pouco se celebra a existência de uma vacina contra o HPV, capaz de acabar com o câncer do colo uterino e diversos outros tumores?

O custo dos medicamentos modernos não deveria ocupar toda a nossa agenda, porque um câncer diagnosticado no início nem precisa deles. Levantamos o custo dos primeiros 12 meses de tratamento, comparando os tumores em estágio precoce versus aqueles em estágio avançado. Eis os números: o câncer de mama, o de pulmão e o colorretal custam entre 470% e 890% mais quando avançados; o melanoma chega a custar 5.400% mais. Em todos os casos, a chance de cura é bem menor e o esforço e o sofrimento para se tratar, bem maiores – mama em estágio inicial, sobrevida de 97% e, em estágio avançado, 42%. Para pulmão, a média é de 80% e cai para 12%, e colorretal, de 90% para 32%.

Os avanços científicos dos últimos 30 anos permitiram inúmeras novas abordagens. A necessidade de UTI caiu para menos da metade, assim como as internações e as transfusões de sangue. Em 2023, somente 0,9% dos casos de cirurgia da mama foram para UTI ao sair do centro cirúrgico, 0,06% de tireoide e 0% das prostatectomias robóticas. De tão pouco invasivas e altamente seguras, já há exemplos de cirurgias com alta no mesmo dia. O tratamento do câncer é cada vez menos hospitalar e não vai demorar muito para podermos cuidar do paciente em sua casa. Saúde oncológica significa prevenir, com cada cidadão tomando as rédeas da sua saúde e conhecendo seu risco individual para desenvolver câncer. Prevenção de câncer se faz todo dia. Os exames de rastreamento detectam o câncer que já está lá e, se realizados na frequência correta para cada indivíduo, vão ajudar a descobrir a tempo de uma solução fácil e acessível.

Prevenção: o remédio mais eficaz contra o Câncer

Saiba como evitar os principais tipos da doença com um guia preparado pelo A.C.Camargo Cancer Center

O Instituto Nacional de Câncer estima que surgirão mais de 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025. Esse número seria muito menor se a prevenção da doença fosse realizada corretamente, por meio do monitoramento do histórico de câncer familiar
e da exposição aos fatores de risco – alimentação, sedentarismo, tabagismo, etilismo e sol em excesso, entre outros. “Apenas 10% dos pacientes têm tumores relacionados a questões hereditárias; 90% dos casos ocorrem devido à exposição a algum fator de risco. Por isso, podemos atuar em grande parte de forma preventiva, evitando que os tumores malignos surjam. É a chamada prevenção primária”, diz o Dr. Thiago Celestino Chulam, líder do Departamento de Prevenção e Diagnóstico Precoce do A.C.Camargo.

Diagnóstico precoce

Já a prevenção secundária do câncer é baseada nos exames de rastreamento, que identificam a doença em estágios iniciais, resultando em maior sobrevida. Veja como se prevenir dos principais tipos tumorais e o impacto, em termos de sobrevida, de diagnosticá-los na fase inicial.

Câncer de Mama

Fatores de risco: obesidade, álcool e histórico familiar.
Prevenção: mamografia para mulheres a partir dos 40 anos.

TAXAS DE SOBREVIDA*

Se diagnosticada na fase inicial: 97,4%
Se diagnosticada na fase mais avançada: 41,9%

Câncer de orofaringe (garganta)

Fatores de risco: tabagismo, etilismo, sexo oral com número elevado de parceiros e HPV.
Prevenção: vacina contra HPV em crianças entre 9 e 14 anos.

Câncer de Próstata

Fatores de risco: histórico familiar.
Prevenção: PSA e toque retal a partir de 50 anos.

TAXAS DE SOBREVIDA*
Fase inicial: 92,3% Fase mais avançada: 56,5%

Câncer de pulmão e tórax

Fator de risco: tabagismo.
Prevenção: tomografias de baixa dose em pessoas de 50 a 80 anos com carga tabágica elevada, ex-fumantes e fumantes passivos (que, mesmo não se encaixando em programas de rastreamento nesse tipo de câncer, precisam ser monitorados).

TAXAS DE SOBREVIDA*

Homens Fase inicial: 72,6% Fase mais avançada: 10,4%
Mulheres Fase inicial: 84,1% Fase mais avançada: 16,9%

Câncer de cólon e reto

Fatores de risco: consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e carnes vermelhas, sedentarismo, obesidade e histórico familiar.
Prevenção: colonoscopia a partir de 45 anos.

TAXAS DE SOBREVIDA*

Homens Fase inicial: 88,9% Fase mais avançada: 34,1%
Mulheres Fase inicial: 91,5% Fase mais avançada: 31,1%

*Dados baseados no Observatório do Câncer do A.C.Camargo Cancer Center, que reúne dados sobre casos de câncer tratados na instituição entre 2000 e 2020. O índice de sobrevida é a probabilidade de um paciente estar vivo após cinco anos do diagnóstico.

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