Agência Geocracia
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 16 de janeiro de 2023
AGGEOCRACIA
À Agência Geocracia, Bernhard Kiep, da Abramilho, comenta transferência do banco de dados para Meio Ambiente e cobra agilidade nas validações estaduais.
Como uma das medidas de reestruturação implementadas pelo novo governo do presidente Lula, o Cadastro Ambiental Rural (CAR) acaba de retornar ao Ministério do Meio Ambiente, depois de anos subordinado ao Ministério da Agricultura. Para tentar entender o que isso significa para o setor agro, a Agência Geocracia conversou com o agricultor e pecuarista Bernhard L. Kiep, membro da Diretoria da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho) e VP da Abimaq/Sindimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos / Sindicato Nacional da Indústria de Máquinas)
Para ele, independente da transferência, o desafio do CAR continua sendo finalizar a validação dos cadastros, tarefa a cargo dos estados e que, em alguns casos, está muito atrasada: “Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, em Mato Grosso, por exemplo, apenas 26% dos cadastros foram efetivamente validados. No Pará, estima-se que levará de 6 a 7 anos para finalizar a validação de todos os cadastros”.
Bernhard, que é ainda executivo da Bermad e conselheiro da Pessl/Metos, destaca a importância do CAR, “um banco de dados espetacular” que mostra como o agricultor e o pecuarista brasileiros preservam áreas naturais em grande escala “como em nenhum outro país do mundo”. Ele se diz otimista com a nova gestão do CAR: “Acho importante nos distanciarmos da polarização atual e procurarmos olhar para o que é melhor para o futuro do Brasil”.
Acompanhe, a seguir, a entrevista na íntegra.
O CAR já esteve abrigado no Ministério do meio Ambiente. Portanto, estamos falando de um retorno. Na prática, o que muda para o agricultor com essa transferência?
Sinceramente, não sei avaliar isso ainda. As informações do CAR são muito importantes para todo o Governo, desde o lado ambiental, administrativo do Ministério da Agricultura, tributário, ANA (Agência Nacional das Águas) etc. Ou seja, os dados são usados em vários departamentos públicos. Independente da transferência, o desafio continua o mesmo, finalizar a validação dos cadastros. Se por um lado, estados como São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina têm avançado, a Região Norte do País ainda precisa acelerar o processo. Para se ter uma ideia do tamanho do desafio, em Mato Grosso, por exemplo, apenas 26% dos cadastros foram efetivamente validados. No Pará, estima-se que levará de 6 a 7 anos para finalizar a validação de todos os cadastros.
Os dados do CAR passaram a integrar a base do Sistema de Gestão Fundiária (Sigef), do Incra, que, por sua vez, também saiu do MAPA, mas para outro Ministério, o do Desenvolvimento Agrário. Como fica essa integração?
Tenho confiança que os ministérios vão se integrar e, assim, evitar uma burocratização ainda maior. Sabemos que governos novos querem mudar muita coisa, mas, no final, acabam se organizando por um fim comum, e as mudanças iniciais ficam menores do que realmente são. A integração do CAR ao Sigef irá unificar as informações cartoriais e ambientais do imóvel rural, agilizando o processo de compra e venda, desmembramento, remembramento, partilha e sucessão das propriedades. Em tese, resultará em diminuição da burocracia.
Falando em integração do CAR com outras bases de dados públicas, podemos esperar uma intensificação de ações contra o desmatamento ilegal fruto de um maior cruzamento de dados com plataformas de monitoramento ambiental?
Inicialmente, todos os colegas agricultores que conheço são 100% alinhados com o Código Florestal e o respeitam. Uma minoria acaba desrespeitando. Atacar o desmatamento ilegal é algo que apoiamos. Para isso é fundamental se assumir que mais de 60% do desmatamento acontece em áreas do Governo Federal que precisam ser regulamentadas.
Um dos desafios do CAR é concluir a análise dos dados declarados pelos proprietários, um trabalho realizado pelas secretarias dos estados e cujo sucesso depende muito do relacionamento entre o órgão federal e os estaduais. Como fica essa interação agora?
Os dados do CAR são um banco de dados espetacular e mostram como os agropecuaristas brasileiros preservam áreas naturais em grande escala como em nenhum outro país do mundo! Ou seja, usar esses dados para certificação de créditos de carbono e outras ações positivas para o Agro e para o Brasil é, em grande parte, obrigação dos governos federal e estaduais. Em mais de 25 anos, vejo que o agro brasileiro se adapta a tudo e se organiza para produzir mais, sem prejudicar o meio ambiente. Quem conhece nosso ramo sabe que preservar o solo, floresta, abelhas, rios e arroios e muito mais é vital para nosso futuro. Quem não vê isso está equivocado. A sustentabilidade em nossas propriedades está em viver em equilíbrio com a natureza. Não cuidar dos recursos naturais é destruir sua propriedade!
Qual sua expectativa com a próxima gestão do CAR?
Entre ser pessimista ou otimista, prefiro ser otimista! Acho importante nos distanciarmos da polarização atual e procurarmos olhar para o que é melhor para o futuro do Brasil. Produzir mais com respeito à natureza e equilibrar o lado econômico e ambiental é o grande desafio da humanidade. Radicalismo não vai ajudar em nada, para os dois lados!
Foto: Monika Kiep
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