Bemisa é favorita na compra de Porto Sudeste e Mineração Morro do Ipê
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 12 de dezembro de 2025
Negócio avaliado em cerca de US$ 5 bilhões atrai múltiplos candidatos, mas mineradora ligada ao grupo Opportunity avança como principal interessada.
Por Ricardo Lima
A Bemisa desponta como a favorita para adquirir o Porto Sudeste e a Mineração Morro do Ipê, ativos colocados à venda pelo fundo Mubadala, de Abu Dhabi, e pela trading holandesa Trafigura, informaram pessoas próximas das negociações ao Estadão/Broadcast. Os projetos são avaliados em cerca de US$ 5 bilhões.
A companhia do empresário Daniel Dantas já assinou acordo de confidencialidade e iniciou o caminho para a due diligence, enquanto grupos como Vale, Macquarie e investidores chineses avaliam o ativo, em uma disputa acompanhada de perto pelo mercado mineral. Informações segundo o Estadão.
Bemisa avança na frente nas negociações
A Bemisa, braço de mineração do Opportunity, firmou um Non-Disclosure Agreement (NDA) com Mubadala e Trafigura, um passo essencial para acessar dados detalhados dos ativos. Fontes informaram ao Estadão que ao menos três grupos já assinaram o NDA, entre eles a Bemisa e a Vale. As empresas envolvidas, procuradas pelo Estadão, não comentaram o processo. Procurada pelo Minera Brasil, a Vale ainda não comentou a respeito dos ativos. No entanto, o espaço segue aberto para manifestação.
Apesar da expectativa de ampla concorrência nesta etapa preliminar, analistas da Faria Lima veem a Bemisa como o nome mais bem-posicionado para a aquisição dos ativos.
Os ativos à venda: porto estratégico e minas no Quadrilátero Ferrífero
O pacote ofertado inclui o Porto Sudeste, com capacidade para 50 milhões t/ano, embora atualmente opere pouco acima de 40%, e a Mineração Morro do Ipê, localizada em Brumadinho (MG).
As minas Ipê e Tico-Tico, originárias da antiga MMX de Eike Batista, foram adquiridas há cerca de uma década pelos atuais controladores para quitar dívidas do empresário.

A mina Ipê opera desde 2017, enquanto Tico-Tico deve atingir plena capacidade somente a partir do primeiro trimestre de 2026. Em 2023, a Morro do Ipê registrou R$ 970 milhões em receita, com vendas próximas de 3,5 milhões de toneladas.
Além da escala das minas, um dos principais atrativos é a integração logística com a MRS Logística e o escoamento pelo Porto Sudeste, localizado na Ilha da Madeira, na Baía de Sepetiba (RJ). Caso conclua a aquisição, a Bemisa elevaria sua produção anual para cerca de 15 milhões de toneladas, consolidando uma operação portuária própria para exportação de minério de ferro.
Quem é a Bemisa e o que a companhia busca
Fundada em 2007 como veículo minerário do Opportunity, a Bemisa opera as minas Baratinha e Mongais (Antônio Dias-MG) e investe em uma nova operação, Pedra Branca, em João Monlevade. Sua capacidade atual deve crescer para 7 milhões de toneladas de pellet feed, com metas de alcançar 10 milhões t/ano até 2030. A empresa também desenvolve o Projeto Planalto Piauí, com potencial para 15 milhões t/ano, dependendo da conclusão da Ferrovia Transnordestina.
O projeto de Daniel Dantas na mineração inclui ainda ouro, reservas no Pará e direitos minerários no Piauí, onde planeja um empreendimento de grande porte condicionado a solução logística. A consolidação de Porto Sudeste e Morro do Ipê elevaria a Bemisa a um novo patamar no setor, garantindo produção, infraestrutura e escala competitiva para disputar mercado com players maiores.
Entraves incluem barragens e dívidas
Três barragens da Morro do Ipê exigem descaracterização para atender às normas da Agência Nacional de Mineração (ANM), o que implica custos elevados.
Outro ponto sensível é a integração mina-porto, que torna o processo de diligência mais complexo e pode levar a interessados distintos entre os dois ativos. Ainda assim, fontes avaliam que a venda conjunta permanece como o cenário mais provável.
Histórico e situação financeira do Porto Sudeste
Projetado por Eike Batista em 2010 e operado comercialmente desde 2016, o terminal movimentou 20,5 milhões de toneladas até setembro deste ano.
A Porto Sudeste do Brasil S.A. registrou R$ 3,46 bilhões em receita líquida no primeiro semestre, mas ainda opera no vermelho, com prejuízo de R$ 285,4 milhões no período e patrimônio líquido negativo de R$ 7,26 bilhões.
A estrutura financeira inclui dívida de R$ 7,5 bilhões até 2037, tendo como principais credores Bradesco, BNDES e bancos internacionais.
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