Seguro garantia: o contrato invisível que virou peça-chave da economia brasileira
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 23 de outubro de 2025
Regulamentações recentes e avanço das seguradoras impulsionam o uso do seguro garantia em contratos públicos, obras, disputas fiscais e processos judiciais.
No cenário econômico de 2025, o seguro garantia consolidou-se como um dos instrumentos mais estratégicos para empresas brasileiras. Discreto e técnico, ele passou de nicho jurídico a protagonista em contratos públicos, execuções fiscais e grandes projetos de infraestrutura — movido por novas regulamentações e pela necessidade crescente de preservar caixa e reduzir riscos.
Um mecanismo de segurança que movimenta bilhões
O seguro garantia funciona como um elo de confiança entre três partes: o tomador (quem precisa dar a garantia), o segurado (quem exige a garantia) e a seguradora (que cobre eventuais descumprimentos).
Na prática, ele substitui cauções, fianças bancárias ou depósitos judiciais — permitindo que empresas mantenham liquidez sem deixar de cumprir exigências legais ou contratuais. Se o tomador falhar, a seguradora assume a indenização até o valor da apólice.
Esse modelo tornou-se essencial em contratos de obras públicas, concessões, licitações e disputas fiscais. E, desde 2024, ganhou força também no setor privado, com o avanço de contratos corporativos que exigem garantias de performance.
A virada regulatória da PGFN
Um divisor de águas ocorreu em dezembro de 2024, com a publicação da Portaria PGFN/MF nº 2.044, que modernizou as regras de aceitação do seguro garantia em negociações e execuções fiscais.
O texto trouxe mudanças profundas:
-Modelos padronizados de apólice, reduzindo divergências de aceitação pela União;
-Prazos mínimos mais longos, o que tornou as coberturas mais seguras;
-Maior clareza sobre atualização de valores e renovação automática.
Na prática, a portaria tornou o seguro garantia mais previsível e confiável para empresas que precisam garantir dívidas tributárias — e, ao mesmo tempo, reduziu o risco de inadimplência para o Estado.
Crescimento real: o mercado reage
Segundo boletins recentes da SUSEP (Superintendência de Seguros Privados), o ramo de seguros empresariais — onde se enquadra o seguro garantia — apresentou crescimento consistente de prêmios ao longo de 2024 e 2025.
A ampliação da aceitação por órgãos públicos e o aumento da oferta por grandes seguradoras explicam parte desse avanço. Companhias como a Confiance Seguros, por exemplo, registraram aumento expressivo na emissão de apólices dessa modalidade no último ano.
De acordo com análises de mercado e relatórios de desempenho setorial, o produto vem ganhando relevância tanto em obras e concessões quanto em disputas judiciais e fiscais — substituindo, com vantagens, as tradicionais fianças bancárias.
Por que as empresas estão aderindo
A adoção acelerada do seguro garantia se apoia em três razões centrais:
1. Preservação de capital de giro: o prêmio pago à seguradora é menor do que o valor que ficaria retido em depósito ou fiança.
2. Segurança jurídica: as novas normas da PGFN trouxeram previsibilidade e padronização.
3. Concorrência e inovação: mais seguradoras estão oferecendo o produto, com condições flexíveis e análise de risco mais sofisticada.
Para setores de engenharia, construção, energia e infraestrutura, essa equação tem sido decisiva. O instrumento permite seguir com obras e contratos sem comprometer o fluxo de caixa, o que tem impacto direto na execução de projetos públicos e privados.
Pontos de atenção e limitações
Nem tudo é simples. Especialistas alertam para alguns desafios:
-Critérios rigorosos de subscrição: seguradoras analisam minuciosamente o risco do tomador e o histórico de adimplemento.
-Vigência e renovações: as novas exigências de prazos podem encarecer a operação em alguns casos.
-Oferta concentrada: apesar do crescimento, o mercado ainda se concentra em poucas companhias com alta capacidade técnica.
Mesmo assim, a tendência é de expansão — impulsionada por normas mais claras e pela digitalização de processos de análise e emissão de apólices.
O impacto na economia e no contencioso fiscal
Nos bastidores da administração pública, o seguro garantia começa a redefinir a forma como empresas lidam com dívidas tributárias. Desde 2024, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional passou a aceitar o instrumento de forma mais ampla em negociações, parcelamentos e execuções fiscais.
Com isso, milhares de empresas puderam substituir depósitos e penhoras por apólices de seguro — liberando recursos para investimentos e preservando empregos.
A medida também reduziu custos administrativos para o Estado, que agora opera com garantias padronizadas e supervisionadas por seguradoras reguladas pela SUSEP.
Perspectivas até 2026
Especialistas apontam que, até o fim de 2026, o seguro garantia deve dobrar sua participação nas garantias judiciais e fiscais. O produto também deve ganhar mais espaço em concessões, contratos de PPP e licitações federais e estaduais.
A tendência é que o mercado brasileiro siga o caminho já consolidado em economias maduras, onde o seguro garantia é amplamente usado em obras públicas, contratos corporativos e processos de governança financeira.
Conclusão: a maturidade de um mercado antes invisível
O que antes era um nicho técnico de advogados e gestores financeiros, tornou-se parte central do ecossistema econômico. O seguro garantia deixou de ser um mero documento contratual e passou a representar um mecanismo de confiança institucional — conectando empresas, seguradoras e o poder público em uma engrenagem que sustenta obras, empregos e arrecadação.
Se 2024 foi o ano da regulação, 2025 consolidou a expansão. E, ao que tudo indica, 2026 será o ano em que o seguro garantia deixará de ser uma formalidade para se tornar sinônimo de eficiência e segurança jurídica na economia brasileira.
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