Projeto Santa Quitéria prevê produção anual de urânio e mais de 1 milhão de toneladas de fertilizantes
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 2 de outubro de 2025
Com potencial de 80 mil toneladas de urânio e 111 milhões de toneladas de fosfato, o Complexo de Santa Quitéria projeta o Brasil entre países com maiores reservas estratégicas de urânio, em um cenário de demanda global crescente.
Por Ricardo Lima
Em audiência pública na tarde de 30 de setembro, na Câmara dos Deputados, representantes da Galvani Fertilizantes e da estatal Indústrias Nucleares do Brasil (INB), apresentaram o projeto Santa Quitéria, no Ceará. O projeto, desenvolvido pela Galvani em parceria com a INB, prevê a extração de colofanito, nome dado para a associação do fosfato e do urânio para produção de fertilizantes e concentrado de urânio. Atualmente, o empreendimento envolve investimentos bilionários e ainda passa por etapa de complementações técnicas no licenciamento ambiental. Encontro foi mediado pelo Deputado Federal Max Lemos (PDT).
Christiano Brandão, Gerente de Licenciamento e Meio Ambiente da Galvani Fertilizantes, destacou a especificidade do minério que será explorado. “Esse minério é marcado por presença muito volumosa do fosfato e também de anomalias com a presença do urânio”. Brandão detalhou ainda que “só se consegue produzir esse fertilizante extraindo o urânio, e só se consegue produzir o urânio extraindo o fertilizante”, afirmando que se trata de um empreendimento em duas frentes e com grande alcance nacional.
Impacto econômico e estratégico
O Gerente de Meio Ambiente apresentou ainda números e previsões de impacto econômico e de investimento. “É um projeto que tem uma previsão de um investimento superior a R$ 2,3 bilhões e onde já foram investidos mais de R$ 220 milhões”. Segundo ele, o projeto visa abastecer o mercado de fertilizantes do Norte e Nordeste, reduzir importações e fornecer concentrado de urânio para as usinas de Angra, além de gerar milhares de empregos na implantação e operação.
Já Renata Rangel de Carvalho, superintendente de Engenharia, Projetos e Gestão da Qualidade da INB, enfatizou a importância estratégica do projeto para a segurança energética nacional. “Esse empreendimento tem uma vida útil prevista de 20 anos, e em relação aos recursos minerais, cerca de 80 mil toneladas de urânio e 111 milhões de toneladas de fosfato”, afirmou. Segundo ela, a produção estimada atenderá a demanda interna por concentrado de urânio e deixará excedente para comercialização.
Licenciamento, segurança e percepção local
Em relação ao processo regulatório, o coordenador-geral de Licenciamento Ambiental do Ibama, Edmilson Comparini Maturana, explicou que o projeto encontra-se em fase de análise por órgãos competentes. “Estamos aguardando uma manifestação da empresa, quanto aos questionamentos técnicos levantados no processo, assim como o posicionamento frente à manifestação que a Funai traz ao processo dessa necessidade de consulta da região”, afirmou. Ele reforçou que todas as colocações e documentos estão disponíveis à sociedade.
Na mesma linha, o diretor-presidente da Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), Alessandro Facure, fez um balanço das autorizações concedidas e destacou que a etapa de aprovação de local já foi cumprida. “Do ponto de vista do licenciamento nuclear, estamos esperando agora as documentações que se relacionam com a licença de autorização para construção do sítio”, afirmou. Facure frisou que o monitoramento radiológico pré-operacional em Santa Quitéria indicou níveis de 0,91 milisieverts por ano, abaixo da média mundial de 2,4.
Além dos aspectos técnicos, a audiência também ouviu as comunidades locais. José Alberto Sales Pinto, presidente da Federação de Associações Comunitárias de Itatira (FACI), relatou como o processo de diálogo promovido pelas empresas durante as audiências ajudou a reduzir desconfianças. “A gente já passa a acreditar no projeto, porque estamos muito bem esclarecidos”, pontuou. Ele destacou que, apesar dos temores iniciais, muitos moradores hoje enxergam potencial para geração de emprego e melhoria das condições locais.
A representante do Ministério de Minas e Energia, Julevânia Alves Olegário, expressou o apoio institucional do ministério ao empreendimento. “O Ministério é 100% a favor do projeto pela relevância estratégica que tem para o país”, afirmou. O licenciamento segue em andamento junto ao Ibama e à Autoridade Nacional de Segurança Nuclear (ANSN), com expectativa de início de operação em 2027.
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