Municípios iniciam obras com recursos do Novo Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 17 de setembro de 2025
Investimentos em esgotamento sanitário e recuperação ambiental de áreas degradadas estão entre as principais ações; mais de R$ 3 bilhões serão destinados às cidades que aderiram ao pacto.
Dos 26 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo que aderiram ao Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce, alguns já começaram a destinar recursos para projetos estratégicos visando promover melhorias diretas para a população local. Entre as ações destacadas pelas prefeituras, estão investimentos em sistemas de esgotamento sanitário, recuperação ambiental de áreas degradadas, pavimentação de estradas e fomento da produção agrícola e piscicultura.
João Carlos Souza Filho, secretário municipal de Finanças e Planejamento de Linhares, destaca que no Espírito Santo, “esses recursos são de extrema importância para a cidade. Além de incrementar o orçamento para diversos projetos, como infraestrutura e saneamento, eles reforçam o reconhecimento e a importância de indenizar o município e seus cidadãos”.
A cidade de Raul Soares investirá no cultivo do cacau. O prefeito Silvio Cláudio Silveira destaca o potencial do município em relação ao cultivo do fruto. “O estímulo a essa atividade será estratégico para diversificar a nossa produção rural e acelerar o crescimento do agronegócio na região”, disse. “Esses investimentos, que totalizarão R$ 10 milhões, considerando a produção de cacau e a piscicultura, devem injetar uma renda extra de R$ 2 milhões que irão circular na nossa economia mensalmente, num prazo de três anos”, completou Silveira.
O que determina o Acordo
O Novo Acordo de Reparação da Bacia do Rio Doce foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2024 e estabelece um valor total de R$ 170 bilhões para a reparação e compensação definitiva dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão da Samarco, ocorrido em 2015. Ao todo, 26 municípios aderiram ao acordo e receberão um total de R$ 3,051 bilhões em repasses diretos ao longo de 20 anos. Segundo a BHP Brasil, até o momento, duas parcelas já foram pagas, totalizando R$ 151,5 milhões.
Fernanda Lavarello, diretora de Assuntos Corporativos e Comunicação da BHP Brasil, ressalta a importância da participação dos municípios nesse processo. “Essa capilaridade na gestão local permite que as ações se traduzam em transformações concretas e sustentáveis, garantindo que o processo de reparação da Bacia do Rio Doce alcance as comunidades de forma efetiva e duradoura.”
Outros repasses
O Acordo prevê também repasse de R$ 13,3 bilhões, independentemente da adesão dos municípios, para ações em saúde, saneamento básico e fortalecimento do sistema único de assistência social. Outros R$ 447,5 milhões irão para a recuperação de infraestruturas e finalização de programas de reparação e mais R$ 38,72 bilhões serão destinados a compensações indiretas, que incluem recursos para ações de assistência social nos municípios, ações ambientais na região e medidas de prevenção e resposta a enchentes, segundo informou a companhia.
No âmbito federal, o Fundo Rio Doce recebeu R$ 1,8 bilhão, que serão empregados em projetos de recuperação socioeconômica.
Aplicação dos recursos pelas prefeituras:
Com a entrada das primeiras parcelas, as prefeituras já iniciaram obras e programas que vão do saneamento básico à geração de renda
– Caratinga (MG) – R$ 202,7 milhões
Parte será destinada a sistemas completos de esgotamento sanitário em 11 distritos. Além do planejamento dos empreendimentos para atender a um crescimento populacional.
– Timóteo (MG) – R$ 177,6 milhões
Com a primeira parcela, já teve início a recuperação ambiental do antigo lixão da Ponte Mauá. Está em elaboração projeto para ampliar a sede da Associação de Catadores de Recicláveis (Ascati).
– Linhares (ES) – R$ 315 milhões
As primeiras parcelas foram aplicadas em obras de drenagem e esgotamento sanitário.
– Dionísio (MG) – R$ 42,1 milhões
Parte dos recursos será usada para pavimentar 17 km da estrada até o povoado de Baixa Verde, em parceria com o governo estadual.
– Raul Soares (MG) – R$ 82,7 milhões
R$ 10 milhões estão sendo aplicados para incentivar produção de cacau e piscicultura, beneficiando cerca de 150 produtores e projetando injeção de R$ 2 milhões mensais na economia em três anos.
– Rio Doce (MG) – R$ 253,5 milhões
A verba será destinada a um fundo soberano e vai ser empregada em obras de infraestrutura, manutenção e continuidade de projetos em andamento.