Adultização infantil, um risco agravado pelas redes sociais
AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 5 de setembro de 2025
Paulo Vieira
Bruno Garcia Redondo
A “adultização infantil” viralizou após um influenciador digital denunciar perfis de redes sociais exibindo conteúdos de menores se comportando como adultos desregrados: conotação sexual, bebidas alcoólicas, drogas e músicas sobre sexo e crimes. Em 15 dias, a denúncia atingiu 50 milhões de views, gerou a prisão de envolvidos e acelerou 20 Projetos de Lei.
A infância é a fase mais curta da vida; mas é nela que há os maiores, mais intensos e importantes registros de memórias e experiências. A identidade da criança é formada de 0 a 12 anos.
A adultização rouba experiências necessárias para a construção da autoestima em cada etapa da vida infantil. Comportamentos adultos em crianças tornam tóxico o ambiente emocional e geram confusão cognitiva. Crianças não conseguem discernir o certo do errado, o bem do mal e o que tem valor do que não tem.
O acúmulo de experiências adultas na vida da criança fragiliza suas emoções, cria fraturas emocionais que avançarão pelas gerações e gera baixa autoestima, ansiedade, doenças psicológicas como a depressão e transtornos alimentares.
Nos cabe 02 perguntas: como serão as gerações que estamos formando e que consequências teremos com a adultização de nossas crianças? E quem será o responsável: o Poder Público, a sociedade, os educadores, os pais?
O Estatuto da Criança e do Adolescente já tipifica o aliciamento e o constrangimento para fins libidinosos, e o Código Penal, em 2009, atualizou o crime de produzir ou divulgar cenas sexuais com menores.
Projeto de Lei federal pretende proibir contas em redes sociais para menores de 12, exigir supervisão dos pais até 16 e a remoção de conteúdos ilegais, sob pena de suspensão da plataforma por 60 dias.
Nem todo conteúdo deve ser regulado; apenas o ilícito ou impróprio para menores. Mas, independentemente de nova lei, como proteger os jovens do uso nocivo das redes sociais?
A família é o primeiro alicerce. Em casa nascem valores, crenças e inteligência emocional: lidar com frustrações, reconhecer limites, cultivar empatia, decidir com responsabilidade. Pais e responsáveis devem orientar, definir limites, acompanhar conteúdos e manter diálogo contínuo sobre internet, privacidade e exposição.
Escolas devem integrar educação socioemocional e digital ao currículo. O Estado deve promover políticas públicas com conteúdo, suporte, fiscalização e acolhimento.
Plataformas devem adotar padrões robustos de segurança, moderação responsável e mecanismos ágeis: preventivos (verificação de idade) e repressivos (denúncia e bloqueio).
Proteger a infância de crimes digitais é salvar as próximas gerações e missão de todos: famílias, escolas, governos e plataformas digitais!
PAULO VIEIRA
Pós-doutor em Inteligência Emocional na Performance Empresarial.
Doutor em Business Administration e Mestre em Coaching.
Criador do treinamento de inteligência emocional Método CIS.
BRUNO GARCIA REDONDO
Doutor e Mestre em Direito.
Professor da PUC-Rio e UFRJ.
Procurador da UERJ e Advogado.
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