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Mineração Brasileira pode liderar transição energética global

Mineração Brasileira pode liderar transição energética global

Danilo Ramos / Divulgação Minera Brasil / Agência Minera Brasil

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 15 de outubro de 2024

O Brasil tem oportunidade de liderar o mercado de minerais essenciais para a descarbonização global, estimado em US$ 1,1 trilhão até 2030. Projeções indicam que a demanda por metais como cobre, alumínio, níquel e lítio deve aumentar drasticamente até 2050 para atender às metas de Net Zero. Representantes do setor pedem urgência em uma política nacional voltada para minerais de transição energética para que o país possa aproveitar as oportunidades.

Warley Pereira

O mercado de capitais brasileiro pode desempenhar um papel decisivo no financiamento de projetos de mineração sustentável no país. Principalmente para juniors companies em busca de capital para expandir suas operações de prospecção, uma fase que requer capital intensivo e de alto risco.

Projeções indicam que a demanda por metais como cobre, alumínio, níquel e lítio deve aumentar drasticamente até 2050. Investimentos significativos serão necessários, com um aumento de 40% no CAPEX para atender às metas de Net Zero.


Tradicionalmente essas empresas recorrem a outras bolsas como a TSX, no Canadá e a ASX, na Australia para financiar projetos no Brasil. E a grande maioria tem conseguido êxito ao apresentar resultados surpreendentes aos seus investidores, como é o caso da Aura Minerals, Brazilian Rare Earth, Bravo Mining e Sigma Lithium, que também é listada na Nasdaq, em Nova York.
Para se ter uma ideia, a bolsa de Toronto possui cerca de 1 mil empresas de mineração listadas, enquanto a B3 apenas 8, encabeçada pela Vale, CSN e Aura Minerals, incluindo grupos com atividade de mineração e metalurgia.

Aversão ao risco e transparência

Esse cenário mostra que há espaço para o setor de mineração se capitalizar na bolsa brasileira. Entretanto, especialistas assinalam que é preciso criar uma cultura de investimento – focada em projetos de mineração pré-operacional – nos investidores locais, que são avessos ao risco e estão deixando de lucrar em bons projetos de mineração no país, alinhados com ESG – ambiental, social e governança – que se capitalizaram lá fora e hoje valem juntos bilhões de dólares.
Ana Cabral da Sigma Lithium dá uma receita simples para quem deseja se capitalizar em bolsa. “Ser transparente e realista nas projeções é uma atitude importante para conquistar a confiança dos investidores,” diz. Ela afirma que transparência foi um fator determinante para a companhia atrair investidores de referência como a BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo.
Rodrigo Barbosa, CEO da Aura Minerals reconhece que é preciso aumentar o interesse dos investidores locais por projetos ainda em fase de desenvolvimento, uma vez que o perfil predominante é de aversão ao risco.
Ele avalia que grandes empresas de mineração estão se formando no Brasil. E que esse movimento pode dar mais confiança para que os investidores possam alocar mais capital. “O Brasil já se desenvolveu através da Vale e outras grandes empresas, porém tem um potencial muito grande, através de projetos que hoje são menores, mas que podem ficar muito grande”.

Já faz algum tempo que setor vem ensaiando buscar investidores na B3. Esse desejo tem sido verbalizado em fóruns do setor – Exposibram, Simexmin- , e na semana passada ecoou em São Paulo, no Invest Mining Summit, que reuniu agentes do mercado financeiro e empresas de mineração e no Encontro de Executivos do Setor de Mineração.

Ecossistema para listagem

Esse movimento liderado pelo IBRAM, ABPM e ADIMB ganhou força com criação da Rede Invest Mining que está articulando a criação de um ecossistema que vai permitir no futuro a listagem de empresas pré-operacionais na B3 para atrair capital para esses projetos.
Esse movimento conta com simpatia da B3, anfitriã do Invest Mining Summit, que reuniu mais de 50 empresas com interesse em listagem e dezenas de agentes do mercado do calibre da XP, Genial investimentos, Safra e UBS.


Essa busca do setor por novas formas de atrair capital ganhou um novo impulso com o Fundo de Investimento e Participações (FIP) criado pelo BNDES e Vale para financiar projetos de mineração voltados para descarbonização e segurança alimentar.
Ao apresentar os novos gestores do FIP – Ore Investment & JGP BB, no Invest Mining Summit, o BNDES informou que ele poderá chegar a R$ 3 bilhões, BNDES e Vale, se comprometeram aportar juntos cerca de R$ 500 milhões, outras 12 instituições do setor financeiro já manifestaram intenção de fazer aportes e participar do FIP.
Mauro Barros, sócio e CEO da Ore Investments, disse que o FIP deve escolher entre 10 e 15 empresas para fazer aportes. O fundo terá dez anos de existência, sendo os quatro primeiros dedicados ao investimento e os seis restantes ao desinvestimento. Ele explicou que os gestores vão buscar retorno de 20% a 25% ao ano, o múltiplo de capital investido será de 3 a 5 vezes e o retorno previsto é de IPCA mais 8%.


Segundo ele, esse retorno está em linha com o que se vê no mercado internacional. “Existem poucos fundos no mundo – de mineração – e temos que trabalhar para trazer para a realidade brasileira. E como estamos falando de ativos mais em estágio inicial, o retorno tem que ser maior, por conta do risco associado”, disse Barros.
Um dos responsáveis por articular a criação do FIP, Pedro Paulo Dias Mesquita, gerente de Mineração e Transformação Mineral do BNDES, ressalta que as juniors companies são responsáveis por abastecer o setor com novos projetos. E que sem elas, haverá um gap nessa cadeia de suprimentos de minerais críticos para transição energética. Mesquita foi secretário de Mineração do MME e conhece como poucos os gargalhos do setor.

Desafios globais

Os minerais brasileiros vão desempenhar um papel decisivo na solução de desafios globais, especialmente na transição energética, aponta Raul Jungmann, diretor-presidente Ibram. Jungmann esteve no Encontro de Executivos de Mineração para falar sobre a posição estratégica do país no fornecimento de minerais essenciais para energia renovável e descarbonização.
Segundo ele, o mercado de minerais críticos, avaliado em US$ 320 bilhões em 2023, tem projeções de crescimento para US$ 1,1 trilhão até 2030, disse, citando dados da Agência Internacional de Energia (IEA). “O Brasil precisa aproveitar essa oportunidade e se posicionar adequadamente no cenário global”.
Jungmann destacou a urgência de uma política nacional voltada para minerais de transição energética para que o país possa aproveitar as oportunidades e liderar o fornecimento nas cadeias globais de suprimentos para uma economia verde.
“Os minerais são absolutamente críticos, sem eles não haverá transição e a humanidade não superará o seu maior desafio de toda a sua existência, que é exatamente a questão da emergência climática e do aquecimento da Terra, que pode nos levar, aliás, já está levando aos eventos extremos”, pontuou Jungmann.


O fato é que a imagem e a reputação da mineração no Brasil têm sido moldadas por uma mistura de desafios e oportunidades. Embora o setor seja crucial para a economia e o desenvolvimento do país, especialmente em Minas Gerais e Pará, Mato Grosso, Bahia e Goiás. Ele também enfrenta críticas devido aos impactos ambientais e sociais.
A fala da executiva da B3, no Invest Mining deixou claro que a Faria Lima só vai embarcar em projetos que tenham práticas sustentáveis e atendam critérios ESG. Esse é o paradigma do setor: dar retorno ao capital investido, atuando com responsabilidade social e ambiental. Esse é caminho para tornar o Brasil líder global na produção de minerais essenciais ao Net Zero.

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