Rumo ao impacto zero: iniciativas mudam o ponteiro em ESG

Com estratégia global Circular for Zero, Novo Nordisk tem plano a longo prazo traçado para efetivamente colocar em prática as três letras do ESG (sigla em inglês para ambiente, social e governança), mas já com resultados para serem apresentados. A farmacêutica reconhecida por seus medicamentos contra diabetes e obesidade tem como objetivo uso de energia renovável, reúso da água, sem abrir mão de ética e inovação. A vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Novo Nordisk, Simone Tcherniakovsky, detalha as estratégias da empresa e como elas refletem nos resultados da companhia e na sociedade.

1) A Novo Nordisk criou a estratégia global Circular for Zero, que pretende desenvolver projetos para zerar o impacto ambiental da companhia, desde a elaboração de matérias-primas até o descarte pós-uso. Como está o processo para implementação dessa agenda?

O nosso propósito é impulsionar mudanças para derrotar doenças crônicas graves, como obesidade e diabetes, inspirados pela nossa história centenária. E aspiramos a fazer isso enquanto mantemos impacto ambiental zero. É nesse contexto que foi criado o Circular for Zero. Essa estratégia circular tem metas e marcos globais e locais para os próximos anos, pois entendemos que a tarefa é de longo prazo. Globalmente, alcançamos 100% de energia renovável em nossas plantas de produção e ampliamos nosso compromisso com uma meta de emissões líquidas zero até 2045 em toda a cadeia de valor. Localmente, na fábrica de Montes Claros (MG), estamos implementando iniciativas sustentáveis, como a utilização de sistemas de eficiência energética, reúso da água e a gestão responsável de resíduos.

2) Qual o porcentual de energia renovável utilizado pela Novo Nordisk em suas operações no Brasil e no mundo?

O uso de energia renovável é um dos pilares do Circular for Zero. Nós alcançamos a meta de usar energia 100% renovável em toda a nossa produção global em 2020. E, agora, o próximo passo é transformar os processos de negócios para eliminar o impacto ambiental de todas as operações. Localmente, estabelecemos parceria com a Elétron Energy para a construção de um parque solar para apoiar a geração de energia renovável a partir de 2025, que terá capacidade de geração de 90 megawatts-hora (MWh).

3) Cite exemplos do que já vem sendo feito na fábrica de Montes Claros (MG).

Adotamos uma governança corporativa forte, denominada Waste Learning Tower, que foi implementada com o objetivo de compartilhar aprendizados relacionados aos resíduos com a liderança das áreas e atuando para monitorar o desenvolvimento dos projetos/iniciativas. Desde 2020, foram desenvolvidas mais de 70 iniciativas. Já reduzimos 668,3 toneladas de resíduos, o que representa uma diminuição de 40,3% em relação ao gerado em 2020.

4) Dentro da temática de economia circular, quais ações são adotadas para engajar funcionários, comunidade e sociedade para sua prática?

No nosso escritório de São Paulo, temos o Cantinho da Sustentabilidade, um espaço de coleta para os funcionários depositarem cápsulas de café, pilhas e canetas com as medicações utilizadas pelos colaboradores. Eles são estimulados a participar e a se engajar, criando assim uma mentalidade cada vez mais sustentável. Já na fábrica de Montes Claros, firmamos parcerias com Sesc e Mesa Brasil para que todo o excedente de alimentos gerado dentro da fábrica seja doado para quem mais precisa. Desde a implementação do projeto, já foram cedidas mais de 15 mil marmitas (média de 900 por mês).

5) Como a companhia está abordando a acessibilidade de seus medicamentos em mercados emergentes?

Estamos focados em tornar nossos medicamentos mais acessíveis por meio de estratégias como preços diferenciados, parcerias com governos e ONGs, e a criação de programas de apoio para pacientes.

6) A Novo Nordisk lançou neste ano a Healthy Cities Challenge, uma parceria com a rede global C40 Cities. Como ela funciona e quando o vencedor será conhecido?

O Healthy Cities Challenge é uma iniciativa que conversa com nosso propósito e está totalmente fundamentada na nossa história de impulsionar mudanças. Com o desafio, buscamos apoiar cidades na implementação de soluções inovadoras para promover a saúde e o bem-estar. Neste ano, temos um projeto brasileiro na final. Ao todo, o Brasil teve 12 inscritos. O resultado será divulgado em novembro.

7) Ainda pensando a empresa como agente de transformação, quais ações de educação ambiental podem ser destacadas?

Destacaria três projetos. O primeiro é o Novo Artes, iniciado em 2006, com o intuito de promover integração social e contribuição para o meio ambiente, com o reaproveitamento de resíduos, proporcionando aos funcionários da Novo Nordisk a oportunidade de integrarem sua família e comunidade à empresa. Cerca de 180 pessoas são capacitadas por ano.

Já o Novo Arte Reintegra, de 2022, é uma parceria com o governo do Estado de Minas Gerais para capacitar pessoas no presídio Alvorada. Nesta iniciativa, são oferecidas oficinas de artesanato para criar oportunidade de aprendizagem e geração de renda ao “reeducando” por meio da produção e venda de produtos artesanais. E, por fim, também realizamos um trabalho para promover a educação ambiental nas escolas.

8) Inovação, sem dúvida, é a palavra de ordem para o mercado fármaco. Como a tecnologia e a inteligência artificial ajudam a agenda ESG?

As duas desempenham um papel crucial na agenda ESG ao otimizarem processos, melhorarem a eficiência e reduzirem impactos ambientais. Na Novo Nordisk, a IA já é usada no desenvolvimento de novos medicamentos para reduzir o desperdício de recursos e aprimorar a análise de dados. Um exemplo disso são as canetas inteligentes de administração de insulina com função de memória de dose, que ajudam a lembrar do número de unidades injetadas e o tempo decorrido desde a última injeção. Na outra ponta, os profissionais de saúde que acompanham o paciente também conseguem, em tempo real, visualizar o que está acontecendo com ele.

9) Quais os mecanismos de auditoria e compliance para garantir a implementação das políticas de ESG?

Os mecanismos de auditoria e compliance convergem diretamente para o que chamamos de Novo Nordisk Way, que é “a forma como a companhia trabalha”. Trata-se de um conjunto de princípios que validam cada decisão tomada. Na Novo Nordisk, ética é um valor inegociável. Entre os mecanismos com os quais contamos para manutenção das normas, eu destacaria a supervisão de uma gerência executiva e de um comitê de auditoria, compostos por integrantes da empresa, que garantem que o Programa Global de Compliance e Ética nos Negócios seja sempre respeitado. Além disso, temos o Compliance Hotline, em que funcionários e terceiros podem relatar casos suspeitos de desvio de conduta com segurança e confidencialidade.

10) O ano de 2025 marcará 35 anos de atividade da empresa no Brasil. Quais foram os marcos da companhia no mercado farmacêutico do País nesse período e quais são as apostas para o futuro?

A introdução de medicamentos inovadores para o tratamento de diabetes, obesidade e hemofilia é um deles, assim como expansão de nossa presença no mercado e o estabelecimento de parcerias estratégicas com instituições de saúde. Para o futuro, mas sem perder de vista a nossa história, iniciada com a insulina e com o tratamento do diabetes, estamos olhando para outras doenças crônicas, principalmente a obesidade, considerada uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Seguimos apostando na inovação, sem deixar de fortalecer e ter um olhar circular para nossas iniciativas de sustentabilidade.