Chief Creative Officer da Cheil
7 de fevereiro de 2024
O Estadão Blue Studio convidou uma seleção de publicitários e executivos de mercado para darem sua visão de mercado na Série de Entrevistas: Marcas Conectadas Tech. #aproveiteoconteúdo
1) Qual o maior obstáculo no cenário para a construção de marcas no cenário atual?As marcas têm dificuldade de oferecer mais do que um produto. Embora ultrapassar essa barreira seja o objetivo principal das campanhas, ouvir o consumidor e responder sua demanda é um desafio perene porque a construção da marca envolve a compreensão dos diversos contextos em que ela está inserida, sejam culturais, sociais, morais ou políticos. A comunicação que entende isso vai além de apenas solucionar um problema ou satisfazer um desejo individual. E tem mais: esse trabalho não pode ser “forçado”. O consumidor está de olho na história da marca.
2) Considerando a solidez das comunidades nas plataformas, o Marketing de Influência é hoje a principal estratégia de comunicação? Não é a principal estratégia, eu penso que o marketing de influência é parte de algo maior, que é o planejamento da comunicação. A estratégia precisa ser integrada. Quando trabalhamos em algum briefing, sempre analisamos a necessidade de ter ou não influenciadores. A presença deles na campanha precisa ser necessária. Quando entendemos isso, temos outro desafio porque a co-criação com esses produtores de conteúdo precisa ser nativa, original e surpreender o público. Escolher o melhor influenciador e que faça isso com propriedade e verdade. Um case que reúne esses elementos muito bem é da Brahma, Cabelos Cremosos. Ali, o influenciador não cumpriu apenas um roteiro, mas elevou a estratégia de comunicação.
3) Olhando para as novas gerações e o crescimento dos e-sports, quem não está nos games estará fora do game?Os e-sportes são uma boa oportunidade criativa. Na minha visão, estará fora do game que não se adaptar às demandas do público em geral, sem divisão entre novas e velhas gerações. O maior inimigo de um profissional da criação é o “eu não gosto” disso ou daquilo. O gosto pessoal não deve ser o leme do que vai ser criado. Ao contrário, você precisa estar atento ao comportamento do público, atento às necessidades e aos desejos das pessoas para então falar com elas. Na Cheil Brasil, eu vejo o e-sport como uma ferramenta criativa para você comunicar diversos assuntos, abrir caminhos para públicos diferentes, e desenvolver campanhas efetivas e criativas.
4) Qual a maior oportunidade para as marcas com a massificação da Inteligência Artificial e Web3?Web3 é uma revolução porque descentralizou a informação e a produção. Dá mais segurança aos usuários e permite uma transição de dados mais rápida e integrada, como a Blockchain. Embora a explicação para a Web3 demande um aprofundamento técnico, nós podemos aplicar esse princípio na rotina criativa, por exemplo. Hoje é muito fácil a gente querer utilizar inteligência artificial para tudo. Quando a gente fala sobre criação, a maior oportunidade é a gente usar a inteligência artificial para algo único. A campanha com Elis Regina e Maria Rita foi algo único. Saiu da bolha, emocionou as pessoas. Isso aconteceu porque a I.A não foi gratuita. A inteligência artificial oferece ferramentas para potencializar a criatividade. E isso pode acontecer em fases diferentes da criação. O midjourney, por exemplo, facilitou a produção de imagens. Mas sem o cuidado estético do profissional de criação, sem referências aguçadas, a ferramenta tem uma função limitada. Outro exemplo bacana é a Rain, uma plataforma criada pelo Domenico Massaretto que vem para ajudar os profissionais nos brainstorms. Não precisamos ter medo da inteligência artificial: ela é uma ferramenta para potencializar a criatividade, não uma substituição do processo criativo. A Samsung, marca que atendemos na Cheil, acaba de lançar o GalaxyS24, que é outro bom exemplo de que, quando bem aplicada, a I.A vem nos ajudar na produtividade do nosso dia a dia, já que o aparelho traz features que ajudam otimizar nosso trabalho e/ou estudos, trazendo uma evolução da Mobile Experience, que estamos acostumados.
5) O que torna uma marca relevante para o consumidor moderno?A autenticidade gera relevância. Eu quero ver o conteúdo real, que me entregue um conteúdo que também faça diferença no meu dia a dia, no lugar onde vivo ou na vida das pessoas com quem eu convivo. A marca relevante deixa signos visuais e sonoros através do impacto social. Na Cheil, uma das frentes da Samsung que nós trabalhamos, por exemplo, tem esse objetivo no centro, o Solve For Tomorrow Brasil. Ali, essa união entre autenticidade e relevância têm um impacto enorme na vida dos estudantes que participam das ações e premiações. Mas a autenticidade não é um “produto”, ela precisa fazer parte dos objetivos da marca como um todo porque não existe diferença entre o chamado consumidor moderno e o tradicional.
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