Marcas Conectadas: Luísa Fedrizzi

Head de estratégia da AKQA Casa

1 de novembro de 2023

Marcas Conectadas: Luísa Fedrizzi

O Estadão Blue Studio convidou uma seleção de publicitários e executivos de mercado para darem sua visão de mercado na Série de Entrevistas: Marcas Conectadas. #aproveiteoconteúdo

1. Qual o maior obstáculo para construção de marca no cenário atual?
Não é uma novidade, mas segue sendo uma questão: atravessar o ruído. Em um cenário cada vez mais saturado de estímulos, mensagens e imagens por todos os lados, em que quase qualquer lugar é um espaço publicitário, o desafio de construir marcas através da comunicação é grande. Não existe fórmula única ou mágica. Cada categoria, produto e marca vai ter particularidades, forças e ferramentas específicas para se sobressair – mas talvez valha sempre ter em mente que a concorrência de uma marca, hoje, vai muito além dos outros players do mercado. Ela está em qualquer coisa capaz de capturar a atenção das pessoas.

2. Considerando a solidez das comunidades nas plataformas, o Marketing de Influência é hoje a principal estratégia de comunicação?
Seria bastante definitivo e simplificador dizer que esta é a “principal estratégia de comunicação”. Depende. Para quem? Com qual objetivo de negócio? Para falar com quais públicos?  
Além disso, o marketing de influência é uma das formas de se trabalhar com comunidades. Mas não é a única. E também não é uma coisa só: cabe muito dentro da definição do termo. Há uma série de fatores e fontes que influenciam as escolhas e decisões das pessoas, não apenas quem se convencionou chamar de “influenciadores”. Familiares, amigos, profissionais de áreas específicas, líderes dos mais variados espaços são potenciais influenciadores de ações e comportamentos de outras pessoas. Por isso, falar em estratégias de marketing de influência pode se traduzir em muitas coisas diferentes e, como tudo no marketing e na comunicação, demanda um pensamento mais profundo, tanto no sentido da compreensão do desafio de negócio e marca a ser trabalhado, quanto no entendimento de dinâmicas e verdades humanas e sociais que impactam comportamentos.

3. Olhando para as novas gerações e o crescimento dos e-sports, quem não está nos games estará fora do game’?
De novo, depende. E é importante notar que há uma diferença entre “games” e “e-sports”. É só pensar de forma “offline” para ver a diferença: nem todo jogo é um esporte. O mesmo vale para a versão “online” dessas coisas. Games são jogos, que têm finalidades e dinâmicas diversas – divertir, entreter, reunir pessoas, etc. E-sports são esportes em novas modalidades e, por isso, sua natureza é de competição e performance. 
Olhando assim, fica fácil de entender que são dois universos distintos e que a presença de marcas nesses espaços precisa ter uma relação direta com as características, os valores e os benefícios – emocionais ou funcionais – delas. Assim como pessoas diferentes jogam jogos diferentes ou praticam esportes diferentes de acordo com suas aptidões, interesses e personalidades, o mesmo vale para marcas. Por isso, não dá pra dizer necessariamente que “quem não está nos games estará fora do game”. Isso não significa que as marcas não terão que seguir explorando novos espaços digitais e virtuais, à medida que eles se tornam mais presentes no cotidiano de cada vez mais pessoas. De acordo com a Pesquisa Game Brasil desse ano (sua 10ª edição), 70,1% da população no Brasil afirma jogar algum tipo de jogo, e esse público é super diverso – a pesquisa também revelou que pela primeira vez desde 2016 a maioria dos gamers brasileiros são homens. Até então, as mulheres estavam no topo da lista de quem joga jogos digitais no País, dado bem diferente do estereótipo que se costuma ter. Mas a maioria dos jogos acontece nos smartphones, e é muito mais um game do que um e-sport. Isso significa que existe um universo inteiro para as marcas atuarem – do “joguinho” ao campeonato.

4. Qual a maior oportunidade para as marcas com a massificação da Inteligência Artificial e Web3? 
Não é exatamente uma oportunidade, mas um compromisso: mobilizar seu poder, acesso e capitais financeiro e humano para que as tecnologias sejam usadas de forma responsável, ética e visando impacto positivo para as pessoas e as sociedades. Que nada seja feito sem que as consequências sejam medidas. Marcas têm poder. E isso exige doses extras de consciência.

5. O que torna uma marca relevante para o consumidor moderno?
Com tantas opções e tantos discursos, acredito que ser relevante voltou a ser algo tão simples quanto entregar produtos e serviços de qualidade, pensados para as necessidades das pessoas, e convenientes nos momentos e contextos que elas precisam. Não tenho a pretensão de imaginar que as pessoas acordam pensando em marcas ou que precisam delas para qualquer coisa. Precisam de seus produtos e serviços – e isso é diferente.
As conversas, os comportamentos, os valores, as buscam se movimentam nas pessoas, a partir das pessoas. O que marcas atentas podem fazer de melhor é observar, aprender e seguir.