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Jornalismo precisa de dados acessíveis para beneficiar sociedade
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Jornalismo precisa de dados acessíveis para beneficiar sociedade

AGÊNCIA DE COMUNICAÇÃO Conteúdo de responsabilidade da empresa 14 de setembro de 2022

Por Agência Geocracia

Nova presidente da Abraji, Kátia Brembatti quer evitar que LGPD seja usada para impedir acesso à informação.

Vencedora do Grande Prêmio Esso, do Tim Lopes de Jornalismo Investigativo/Embratel, do Prêmio Ipys de reportagem investigativa da América Latina e do Global Shining Light Award, a nova presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), Kátia Brembatti, enaltece a importância de que o trabalho da imprensa seja baseado em informações de relevância social. Em entrevista à Agência Geocracia, ela afirma que “contar com dados para fácil consulta auxilia o trabalho jornalístico e, por consequência, beneficia a população”.

Comentando sobre o Geografia do Voto, parceria entre o Estadão e a Agência Geocracia e que georreferencia mais de 5 bilhões de votos da base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Kátia diz que esse tipo de iniciativa viabiliza aprofundamentos, possibilitando sair do campo das generalizações e fazer análises que levem em conta aspectos locais. “Esses recortes dão rumos bem mais consistentes para entender diversas nuances da realidade eleitoral”, afirma a jornalista, que pretende continuar a luta da Abraji para que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) não seja usada para impedir o acesso à informação de interesse público.

Acompanhe, a seguir, a entrevista na íntegra.

Você acaba de assumir a presidência da Abraji. Sendo o jornalismo, principalmente o investigativo, tão dependente de dados confiáveis, o que esperar de sua gestão à frente da entidade?

As gestões que me antecederam já foram bem atuantes no assunto, na criação de ferramentas, como Cruzagrafos e Cruzadados, e na luta pela aprovação da Lei de Acesso à Informação (LAI). Nesse sentido, pretendo continuar esse trabalho e buscar fazer mais. Um exemplo é o caso da LGPD, que vem sendo usada de forma equivocada para negar pedidos feitos via LAI. Estamos fazendo várias movimentações para que isso deixe de ocorrer. Em breve, deveremos ter novidades.

Como você avalia iniciativas como o Geografia do Voto, que disponibiliza dados públicos (no caso, eleitorais) de uma maneira ágil e amigável?

Para cidadãs e cidadãos, principalmente em momento eleitoral, a informação acessível e confiável é uma forma de tomar decisões esclarecidas. Para jornalistas e pesquisadores, com o olhar profissional, iniciativas como o Geografia do Voto permitem aprofundamento, possibilitando sair do campo das generalizações e fazer análises que levem em conta aspectos locais. Esses recortes dão rumos bem mais consistentes para entender diversas nuances da realidade eleitoral.

m um mundo onde as redes sociais elevaram exponencialmente o fenômeno dos factoides, como o jornalismo investigativo pode ter acesso a fontes confiáveis de informação para oferecer conteúdo relevante à sociedade?

Mais do que nunca, o Jornalismo precisa se preocupar com suas fontes. Quando boatos e mentiras sobre assuntos de interesse público são espalhados aos borbotões, a imprensa é o recurso em que a população vai buscar guarida. Assim, mais e mais, as fontes usadas por jornalistas precisam ter credibilidade, histórico de acertos e não serem enviesadas. Um dos caminhos que se mostrou ainda mais importante – embora tenha sido frivolamente contestado durante a pandemia – é recorrer a dados calcados em bases científicas, apurados com método, que podem ser checados e replicados.

Na sua opinião, em que medida o acesso ágil e fácil a dados públicos ajudaria a atividade jornalística, sobretudo em um ambiente de redações cada vez mais reduzidas e um avanço do jornalismo declaratório/personalista? Como fica o dilema entre uma boa aspa que gera cliques e uma rápida checagem de dados que derruba as pautas, mas garante credibilidade no longo prazo?

Não tem dilema algum – ou pelo menos não deveria ter. Sempre uma informação relevante deve receber mais atenção do que uma declaração caça-clique. Jornalistas não podem se deixar levar pelo imediatismo. Mesmo diante da pressa, motivada pela celeridade do nosso tempo, e pelas pressões cotidianas, profissionais não podem optar pela superficialidade. Embora audiência seja importante (não tentarei negar o óbvio), o esperado é a busca por um conteúdo que seja interessante, com potencial para atrair o público, e seja baseado em informações de relevância social. Nesse sentido, contar com dados para fácil consulta auxilia o trabalho jornalístico e, por consequência, beneficia a população.

Embora esteja na Constituição de 1988 (art. 21, inciso 15), a regulamentação geografia e cartografia nacionais, tão importante em um mundo cada vez mais geolocalizado, nunca foi feita. Levando em conta a contribuição da imprensa para pautar o debate público, o que falta para os jornalistas se engajarem mais na cobrança ao Estado por uma governança da geoinformação, um tema estratégico e tão próximo da sua própria atividade?

Falta saberem que isso está ocorrendo e/ou se atentarem para a importância dessa situação. Infelizmente, o que não falta no Brasil é tema essencial que não recebe o devido cuidado por órgãos governamentais e também pela sociedade. Poderia enumerar duas dezenas delas de bate pronto. Ou seja, quem sabe do problema cartográfico tem a missão de alertar profissionais de imprensa e fazer o estardalhaço possível para que o assunto também entre no radar da população e de funcionários públicos, gestores e políticos capazes de mudar esse cenário.

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