“A China é o único país que está trazendo novas tecnologias de ponta para o Brasil”, defende o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China.
24 de setembro de 2025
Entre dois gigantes, leia-se Brasil e China, mesmo as diferenças culturais são incapazes de ofuscar uma realidade. A parceria cada vez mais estratégica entre os dois países gera ganhos bilionários dos dois lados do mundo. “Os benefícios para o Brasil são incalculáveis. Só no ano passado, tivemos quase US$ 80 bilhões de superávit comercial com a China. Desde o início dessa relação mais estreita, o saldo acumulado já ultrapassa US$ 500 bilhões”, afirma Charles Tang, presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China, em entrevista à série Rota Brasil Mundo, do Estadão Blue Studio.
Charles Tang – Foto: Divulgação Câmara Brasil-China (CCIBC)
O executivo, que nasceu em Xangai, cresceu nos Estados Unidos e se apaixonou pelo Brasil na juventude (sua pátria desde então), é um entusiasta das ligações comerciais cada vez mais estreitas entre brasileiros e chineses, que ganharam ainda mais peso a partir dos anos 1980, quando a Câmara foi criada. “A China precisa garantir a segurança alimentar de seu povo, e o Brasil, cada vez mais, se consolida como celeiro do mundo. Nossa produção agrícola é fundamental para atender a essa demanda”, afirma Tang.
Além do agronegócio, a parceria, que se estende a minérios estratégicos, é essencial para o desenvolvimento tecnológico chinês. Segundo o executivo, o fortalecimento das relações comerciais começou no primeiro governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), quando houve aproximação diplomática direta entre Brasília e Pequim.
A China já investiu mais de US$ 100 bilhões diretamente no Brasil e concedeu empréstimos que somam outros US$ 35 bilhões pelos cálculos da Câmara. Esses recursos, segundo Tang, ajudaram o País a alcançar estabilidade financeira. “O Brasil não precisa mais se preocupar com risco de moratória. As reservas em moeda estrangeira estão em níveis saudáveis, em grande parte graças aos superávits nas trocas com a China.”
Ao longo do tempo, e tudo indica que serão processos que vão se acelerar cada vez mais, as características do fluxo comercial entre Brasil e China mudaram, como aponta o executivo, um dos idealizadores do leasing no Brasil há várias décadas. Se antes a relação era pautada por commodities agrícolas e minerais, hoje a presença chinesa no Brasil avança para áreas de tecnologia e inovação. “A China é o único país que está trazendo novas tecnologias de ponta para o Brasil”, afirmou Tang.
Um exemplo, diz o executivo radicado hoje no Rio de Janeiro, é a Huawei, gigante do setor de telecomunicações, uma das responsáveis por introduzir a tecnologia 5G no País há cerca de sete anos. Agora, segundo Tang, a empresa já está trabalhando no 6G. O setor automotivo também tem recebido investimentos relevantes de montadoras chinesas, que trazem veículos elétricos e híbridos, além de novos modelos de produção para a América do Sul. Várias dessas chegadas dos grupos chineses ocorreram, inclusive, com a participação ativa da equipe da Câmara Brasil-China.
Há ainda projetos mais ousados em andamento, como detalha Tang, caso da possível montagem de satélites em território brasileiro. “Também estive em contato com instituições de ensino que desejam firmar parcerias com universidades chinesas para oferecer, pela primeira vez no Brasil, cursos de engenharia voltados para inteligência artificial (IA). Esses avanços tecnológicos são fundamentais para que o Brasil possa se inserir em cadeias globais de inovação. É uma oportunidade para engenheiros, técnicos e operários brasileiros absorverem conhecimento de ponta”, avalia Tang.
Na visão do experiente executivo, a relação Brasil-China não deve ser vista apenas como um acordo comercial, mas como uma estratégia de longo prazo para o desenvolvimento nacional. “Essa aliança vai muito além de soja, carne ou minério. Estamos falando de tecnologia, educação, infraestrutura e geração de empregos.” Com investimentos bilionários e projetos estratégicos em andamento, o Brasil tem diante de si a oportunidade de fortalecer sua economia e modernizar sua indústria, afirma o executivo brasileiro nascido em solo chinês. “Essa parceria não é só boa para o presente, é um caminho para o futuro.”
Até mesmo a queda recente do crescimento chinês não é empecilho para que a rota Brasil-China se expanda em níveis muito confortáveis para os dois lados. “O país não cresce mais 11% ao ano, mas mantém 5% sobre uma base muito maior. Isso representa um volume de crescimento gigantesco”, explica Charles Tang, presidente da Câmara Brasil-China.
Segundo o executivo, o avanço tecnológico chinês coloca o País na liderança mundial em diversas áreas, como inteligência artificial e chips para computadores. Após as restrições comerciais impostas pelos Estados Unidos, afirma Tang, empresas chinesas desenvolveram tecnologias próprias, como o sistema DeepSeek e semicondutores produzidos localmente. “Essa independência tecnológica abre novas possibilidades de parceria para o Brasil. Podemos importar inovação e, ao mesmo tempo, desenvolver soluções em conjunto.”
Apesar do otimismo, Tang reconhece que ainda existem desafios culturais para empresas brasileiras e chinesas trabalharem juntas. Diferenças de idioma, costumes e métodos de gestão já dificultaram a consolidação de algumas joint ventures no passado. “No início, muitos empresários brasileiros diziam que a China era muito distante e difícil de compreender. Hoje, o mundo inteiro quer saber da China.” Cabe ao setor empresarial brasileiro se adaptar e aproveitar as oportunidades, na visão do presidente da Câmara Brasil-China. “Não é preciso ter medo da indústria chinesa. É preciso usar a força financeira e tecnológica dessas empresas para fortalecer a indústria nacional.”
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A Série de Entrevista: Rota Brasil <-> Mundo é um espaço para convidados compartilharem suas perspectivas e inspirações na relação comercial entre o mercado brasileiro e mundial. As informações e opiniões formadas neste artigo são de responsabilidade única do autor. Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Estadão.
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